Poder
do Alto contra as Hostes da Maldade
Atos 8.5-13,18-21
Evangelista Daniel e Missionária Maria
O relato do trabalho
evangelístico de Filipe em Samaria nos chama a
atenção. Primeiro, por causa da animosidade que havia entre judeus e samaritanos;
depois, porque Jesus havia dito antes: não “entreis em cidade de samaritanos” (Mt 10.5). Mas a região foi
palco de um grande avivamento com a chegada do Evangelho. Isso aconteceu no
poder do Espírito Santo, que trouxe muita alegria, gozo e libertação na cidade,
mas o Evangelho também veio para desfazer as obras das trevas.
Os samaritanos eram
os israelitas que se mesclaram como povos estrangeiros durante o período da
dispersão das Dez Tribos do Norte em 722 a.C. Com o passar do tempo, essa
mescla veio a ser também religiosa. Na era apostólica, o clima entre judeus e
samaritanos era tenso. O evangelho de João resume o relacionamento entre judeus
e samaritanos nas seguintes palavras: “Judeus não se comunicam com os
samaritanos” (Jo 4.9).
A cidade foi fundada pelo pai do rei Acabe, o qual
reinava sobre dez tribos do norte, que se apartaram de Jerusalém no século 10
a.C.(1 Rs 12.19,20). O nome do rei era Onri, que comprou um monte de um cidadão
chamado Semer, onde fundou uma cidade à qual deu o nome de Samaria, em
homenagem ao dono anterior, e fez dela a capital do seu reino (1 Rs 16.24).
Mesmo antes da dispersão dos israelitas do reino do Norte, já havia um clima de
tensão entre Samaria e Jerusalém, Israel e Judá, os dois reinos que se
dividiram após a morte de Salomão.Como mostra o gráfico abaixo,Jeroboão começou
a reinar em 931 a.C.
Quando o rei da Assíria,
Salmaneser, sitiou Samaria em 722 a.C., levou para o cativeiro as dez tribos do
norte (2 Rs 17.3). Mas foi Sargom II, sucessor de Salmaneser V, que concluiu o
cativeiro dos israelitas das Dez Tribos do Norte. Os assírios levaram as Dez
Tribos do Norte para outras regiões e trouxeram estrangeiros para povoarem a
terra de Israel. Os poucos filhos de Israel que ficaram na terra se misturaram
com os estrangeiros deportados de suas terras (2 Rs 17.24- 31). Desse modo,
seus filhos não eram totalmente judeus nem completamente gentios; eram os
samaritanos.
Por causa disso
surgiram as dissensões entre Samaritanos e judeus. Os judeus recusaram a ajuda
dos samaritanos na reconstrução do templo de Jerusalém quando Judá retornou do
cativeiro babilônico, (586 a.c – retorno 538 a.c); (Ed 4.1-4). Os samaritanos
rejeitaram as Escrituras do Antigo Testamento, adotaram apenas o Pentateuco e
também construíram um templo rival no monte Gerizim. Com esses fatos, a ruptura
samaritana se consolidou, mas eles esperavam também a vinda do Messias (Jo 4.25). Na era apostólica, Samaria era o
nome da cidade e ao mesmo tempo da província romana.
O Conflito entre judeus
e samaritanos pendura até hoje. O relacionamento
cristão com os samaritanos começou de forma salutar com o Senhor Jesus e depois
continuou com Filipe e chegou até a era da igreja. Este Felipe aqui mencionado é
o mesmo que foi escolhido como um dos sete diáconos (At 6.5), mas logo se
destacou na pregação do Evangelho e aparece cerca de vinte anos depois como
evangelista (At 21.8).
Os samaritanos, numa ocasião, recusaram-se a receber Jesus quando Ele
estava a caminho
de Jerusalém (Lc 9.52,53).
Mas, na aldeia de Sicar, em Samaria (Jo 4.5), os samaritanos receberam Jesus
e creram na sua mensagem como resultada do testemunho da mulher samaritana (Jo
4.39-42). A passagem do Bom Samaritano (Lc 10.25-28) foi uma lição para os
judeus: eles não deviam imitar o levita nem o sacerdote, mas o samaritano.
Jesus proibiu os discípulos de entrarem em cidades samaritanos, porque Ele fora enviado às ovelhas perdidas
da casa de Israel (Mt 10.5,6), uma vez que ainda não era tempo. Mas, depois de
sua ressurreição dentre os mortos, Jesus mandou pregar também em Samaria (At
1.8). Filipe agora estava cumprindo com êxito essa missão.
Filipe foi impulsionado pelo Espírito Santo; do contrário, não ousaria enfrentar as
hostilidades dos samaritanos. Filipe “lhes pregava a Cristo” (v.5) com poder,
de modo que as multidões prestavam atenção no que ele dizia, pois “ouviam e
viam os sinais que ele fazia” (v.6). Era algo inédito e que atraía as
multidões: “pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham,
clamando em alta voz; e muitos paralíticos
e coxos eram curados” (v.7). Essa manifestação era o autêntico poder do alto
contra as hostes por meio da pregação do evangelho. Filipe revolucionou a
cidade pelo poder de Deus.
Havia muita alegria
na cidade com a chegada de Filipe, batizava homens e mulheres (v.12). A notícia
desses fatos chegou à Igreja de Jerusalém, que enviou os apóstolos Pedro e
João, os quais trouxeram o que ainda faltava aos samaritanos convertidos: o batismo no Espírito
Santo. Ao chegarem à Samaria, eles impuseram as mãos sobre os novos crentes,
que “receberam o Espírito Santo (v13).
Nesse
contexto de tanta alegria e gozo entre o
povo mediante a obra realizada por Filipe, surge a figura de um cidadão: “Simão,
que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica e tinha iludido a gente
de Samaria, dizendo que era uma grande personagem” (v.9). Ele já estava na
cidade antes da chegada de Filipe e era reconhecido pela população como “a
grande virtude de Deus” (v.10). Isso significa que Simão se declarava um tipo
de emanação ou representação do ser divino. No entanto, não passava de um
embusteiro que, durante muito tempo, iludia o povo com artes mágicas (vv.9,11).
O texto sagrado
afirma: “E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou de contínuo, com
Filipe e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito”
(v.13). É difícil saber até que ponto a conversão de Simão, o mágico, era
genuína, pois o relato indica tratar-se de uma conversão meramente intelectual
ou artificial.
A avaliação do
apóstolo Pedro foi: “o teu coração não é reto diante de Deus”(v.21). Assim,
impressionado com os milagres que Filipe operava, Simão teria se convencido de
ser Jesus o Messias, mas não houve transformação em sua vida.
Sabemos nós que
diante de Deus nada permanece oculto; Simão, o mágico, foi desmascarado na
tentativa de subornar o apóstolo Pedro, pensando ser possível comprar o poder
do Espírito Santo. Essa atitude não condiz com a postura de um novo convertido
que ainda não compreende a natureza da fé cristã (1 Tm 3.6). Parece
que Simão imaginou
ter descoberto uma nova fórmula mágica, como os exorcistas de Éfeso (At 19.13)
e, dessa forma, achou que podia comprar essa “fórmula” para ampliar o seu curriculum e
acrescentar ao seu cardápio um novo serviço para o povo. Ele não agiu com sinceridade,
por isso o apóstolo Pedro o amaldiçoou (vv. 20-23). Foi do nome de Simão que
veio o termo “simonia”, que consiste no ato deliberado de comprar ou vender as
coisas espirituais. Os discípulos de Simão ainda estão por aí negociando e
vendendo as coisas espirituais.
Portanto a Miscigenação na história do povo de Deus
serve como alerta para nós hoje, bem com a narrativa de Simão, o mágico, nos Mostra
que seu comportamento foi reprovado por Deus. Há uma diferença abissal entre o
poder que vem do alto, o poder sobrenatural do Espírito Santo, e os
pseudomilagres operados por charlatões e embusteiros, agentes a serviço do
reino das trevas. Isso nos serve de lição para estarmos alertas quanto aos líderes
enganosos.
Referência: Lições Bíblicas das Assembléias de Deus Ministério Belém;
https://bereanos-na-ebd.blogspot.com/