domingo, 21 de outubro de 2018

SOBRE O MUNDO VINDOURO



             CREMOS, professamos e ensinamos que existe um mundo vindouro para os salvos e para os condenados e que, depois do Milênio, virá o Juízo Final, conhecido como o Grande Trono Branco: “E vi um grande trono branco” (Ap 20.11). Após esse julgamento, virão o novo céu e a nova terra e a Nova Jerusalém.
1.   O Juízo Final.
A Bíblia fala sobre duas ressurreições, a dos justos e a dos injustos, mas ambas não serão simultâneas. Deus instaurará esse juízo após a última rebelião de Satanás, que acontecerá após os mil anos do Reinado de Cristo. Ficarão de fora desse juízo os crentes provenientes da era da Igreja e os mártires da Grande Tribulação, pois eles serão parte do Reino de Cristo e estarão com o corpo glorificado. Já “os outros mortos”, aqueles que não fizeram parte da primeira ressurreição, “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram” (Ap 20.5), serão ressuscitados nessa ocasião para julgamento. A base primordial do Juízo Final é a justiça perfeita e inquestionável de Deus: “Deus é um juiz justo” (Sl 7.11); “Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25). O Senhor Jesus disse: “o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo” (Jo 5.22). Assim, Deus executará esse juízo por meio de Jesus Cristo.
2.   Os livros do julgamento.
 Muitos livros serão abertos, e todos os “outros mortos” serão julgados pelas coisas escritas nesses livros. Serão pessoas de todas as classes sociais; os “grandes e pequenos” não dizem respeito à idade, crianças e adultos, mas a status. O Juízo Final não fala sobre vivos: “E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras” (Ap 20.12). Nos livros, estão os registros divinos de todos os pecados públicos e particulares. O julgamento será com base nas obras registradas nesses livros. O Livro da Vida mostra que esses réus não constam nele: “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.15). É o dia da morte: “E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo” (Ap 20.14). Ela é o último inimigo a ser aniquilado: “Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte” (1 Co 15.26); “Tragada foi a morte na vitória” (1 Co 15.54). O Lago de Fogo ou “ardente lago de fogo e enxofre” (Ap 19.20) é um lugar preparado para o Diabo e seus anjos.  O Lago de Fogo será também o destino final dos perdidos por causa da sua incredulidade e desobediência, pois a vontade de Deus é que ninguém se perca, mas que todos sejam salvos.
3.   A ressurreição dos mortos.
 Ressurreição significa levantar dentre os mortos, voltar a viver no mesmo corpo. A doutrina da ressurreição dos mortos é uma verdade bíblica cristalina, ensinada na Lei de Moisés, nos Profetas e com abundância de detalhes no Novo Testamento. Os saduceus, grupo religioso de Israel nos dias do ministério terreno de Jesus, negavam essa doutrina. Os incrédulos rejeitam essa doutrina ainda hoje. A morte é inevitável, mas, desde o Antigo Testamento, temos promessas de Deus da nossa libertação dela: “Deus remirá a minha alma do poder da sepultura, pois me receberá” (Sl 49.15). A ressurreição de Jesus é a garantia de que seremos ressuscitados: “se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele” (1 Ts 4.14). Trata-se de uma ressurreição corporal: “aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso corpo mortal, pelo seu Espírito que em vós habita” (Rm 8.11). Nosso corpo será transformado como o corpo glorificado de nosso Senhor Jesus Cristo: “esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso” (Fp 3.20,21). Essa ressurreição é a nossa esperança de salvação e de vida eterna, porque o nosso Salvador é vivo: “porque eu vivo, e vós vivereis” (Jo 14.19). Os incrédulos serão também ressuscitados. Jesus disse: “porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (Jo 5.28,29). Isso inclui salvos e condenados: “há de haver ressurreição de mortos, tanto dos justos como dos injustos” (At 24.15). É verdade que os mortos salvos já estão com o Senhor Jesus, mas a ressurreição será necessária, pois ela representa a vitória completa e esmagadora de Cristo sobre a morte e o Diabo. Por essa razão, nada de nosso corpo mortal poderá ficar na sepultura.
4.   O destino dos condenados.
O destino dos incrédulos é a condenação eterna no Inferno. As Escrituras Sagradas revelam que o Inferno é “o lugar preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41); o lugar para o qual é destinada a alma dos ímpios e de todos os que rejeitam o plano de Deus para sua salvação. A palavra “inferno” vem do latim infernus, que significa “lugar inferior”. Foi usada por Jerônimo, na Vulgata Latina, para traduzir do hebraico a palavra sheol, no Antigo Testamento, e do grego, as palavras hades e geenna, entre outros termos no Novo Testamento. a) Sheol e Hades. Sheol é um termo hebraico e significa “mundo invisível” (Sl 89.48); é “o lugar invisível dos mortos” ou “habitação dos mortos”. O fato de Sheol e sepultura serem lugares profundos e invisíveis aos olhos humanos justifica, às vezes, as diversas traduções do termo, como inferno, sepultura, sepulcro e profundeza. A Septuaginta traduz essa palavra por Hades. Hades é o estado intermediário dos mortos; não é, ainda, o Inferno propriamente dito, e sim o estágio intermediário dos mortos sem Cristo. Trata-se de uma prisão temporária até que venha o dia do juízo. Os condenados que partiram deste mundo estão lá, conscientes e em tormentos, sabendo perfeitamente o porquê de estarem naquele lugar. O Hades, como ideia de lugar ardente de tormentos para os iníquos, encontra-se somente uma vez, na passagem do rico e Lázaro: “E no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos [...] porque estou atormentado nesta chama” (Lc 16.23,24). b) Geena. É a forma grega da expressão hebraica gei-hinnom, “vale de Hinom”, da qual se originou o termo grego geenna. Segundo a descrição bíblica, era o nome de um vale localizado no sul de Jerusalém. Nele, crianças eram sacrificadas em rituais pagãos num lugar chamado “Tofete”, que significa “altar”, lugar onde alguns reis de Israel — dentre eles, o rei Salomão — sacrificavam a ídolos. O rei Josias, porém, realizou uma devassa no local, fazendo dele um lugar de lixo. Mundo judaico contemporâneo de Jesus cria que Geena era o lugar onde os ímpios receberiam como castigo o sofrimento eterno. O termo é traduzido por “inferno” onde aparece nos evangelhos: “Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?” (Mt 23.33).  O lugar indica o lago de fogo apocalíptico, onde serão lançados a besta e o falso profeta: “Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre” (Ap 19.20) e aqueles cujos nomes não estão no livro da vida: “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20.15). c) Outros nomes para indicar o inferno. Na Bíblia, há outras expressões para designar o lugar da maldição eterna. O Tártaro é também traduzido por “inferno”: “Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o Juízo” (2 Pe 2.4). Há, ainda, muitas outras formas usadas para o lugar de suplício eterno, como abismo, fornalha de fogo, trevas exteriores,fogo eterno, vergonha e desprezo eterno e tormento eterno. Esse é o castigo eterno, também chamado de “fogo que nunca se apagará”.
5.   O novo céu e a nova terra.
É o destino final dos salvos: “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21.1). O céu e a terra que conhecemos desaparecerão para darem lugar a uma nova criação. Isso é anunciado desde o Antigo Testamento29 e é ratificado no Novo. O próprio Senhor Jesus Cristo confirmou essa palavra profética: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24.35). A promessa divina de que a terra permanece para sempre significa que sempre haverá uma terra, mas não necessariamente a mesma. A palavra profética também anuncia um novo céu e uma nova terra. Quando for instalado o juízo do Grande Trono Branco, o céu e a terra deixarão de existir: “E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles” (Ap 20.11). Trata-se de uma fase preparatória para o estabelecimento do novo céu e da nova terra. A terra contaminada pelo pecado não resistirá ao esplendor da presença  de Deus; o universo físico não se susterá diante da pureza, santidade e glória daquEle que está assentado sobre o trono. E o fato de a morte e o Inferno serem lançados no Lago de Fogo indica que, no novo céu e na nova terra, não haverá morte nem condenação.
6.   A nova Jerusalém.
O novo céu e a nova terra não são a terra paradisíaca do Milênio, nem a “Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu” (Ap 21.2); é a Jerusalém milenial. Estamos, aqui, num período pós-milênio. Temos, aqui, “a Jerusalém que é de cima” (Gl 4.26), a “Jerusalém celestial” (Hb 12.22). A nova Jerusalém é quadrada e tem a forma de um cubo que mede 2.200 quilômetros de cumprimento, largura e altura,  feita internamente de ouro transparente,  um tipo de material inexistente na terra. O muro da cidade tem 12 portas, 12 anjos nelas e mais os nomes das 12 tribos de Israel. Nos fundamentos do muro, constam “os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (Ap 21.14), e esses fundamentos são adornados com pedras preciosas. A cidade não tem templo, pois o seu templo é Deus e o Cordeiro,  e não necessita de sol nem de lua, pois o resplendor da glória de Deus a tem iluminado, e o Cordeiro é a sua lâmpada. Na nova Jerusalém, não haverá mais dor, nem tristeza, nem solidão, nem sofrimento: “E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4); isso não acontecerá pois o próprio Deus habitará no meio do seu povo.39 É a nossa eterna bem-aventurança, pois o pecado será banido para sempre (Ap 22.3).
            Bibliografia: Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil Casa Publicadora das Assembleias de Deus Declaração de Fé Novembro/2016.


segunda-feira, 15 de outubro de 2018

SOBRE A SEGUNDA VINDA DE CRISTO



            CREMOS, professamos e ensinamos que a Segunda Vinda de Cristo é um evento a ser realizado em duas fases. A primeira é o arrebatamento da Igreja antes da Grande Tribulação, momento este em que “nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados” (1 Ts 4.17); a segunda fase é a sua vinda em glória depois da Grande Tribulação e visível aos olhos humanos: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém!” (Ap 1.7). Nessa vinda gloriosa, Jesus retornará com os santos arrebatados da terra: “na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos” (1 Ts 3.13).
1.      O Arrebatamento da Igreja.
É o termo que nós usamos para designar o rapto dos santos da face da terra para o encontro com o Senhor nos ares: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16,17). Nesse evento, os mortos em Cristo e os santos do Antigo Testamento serão ressuscitados primeiro, seguindo-se a transformação dos salvos vivos e o simultâneo encontro de ambos os grupos com o Senhor nos ares. Esse advento será invisível aos olhos do mundo, porém seus efeitos serão perceptíveis. Isso ocorrerá em fração de segundos, e nosso corpo será transformado num corpo glorioso, que estará revestido de incorruptibilidade e imortalidade por ocasião do rapto da Igreja. Será um evento repentino e secreto, precedido pelos sinais gerais da apostasia, guerras, fomes, catástrofes naturais, perseguições, de maneira que esse evento não pode ser visualizado antecipadamente nem datado por esses ou por nenhum outro sinal. A condição para fazer parte desse glorioso evento é estar em Cristo. Essa é a primeira fase da Segunda Vinda de Cristo que precederá a Grande Tribulação, período em que a ira de Deus será derramada sobre os moradores da terra.
2.      O Tribunal de Cristo e as Bodas do Cordeiro.
Após o arrebatamento da Igreja, receberemos as boas-vindas de Jesus. Nessa ocasião, será estabelecido o Tribunal de Cristo: “todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo” (Rm 14.10); “todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5.10). Esse evento será realizado no Céu e diz respeito à recompensa de nossas obras em favor da causa de Cristo na terra. O Senhor Jesus prometeu: “o meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12). Depois disso, os fiéis glorificados participarão das Bodas do Cordeiro: “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (Ap 19.9). Trata-se do grande banquete que celebra a união de Cristo com a sua Igreja, a “Esposa do Cordeiro”, onde será culminado o plano da redenção, num momento de gozo e de alegria. Todas essas coisas ocorrerão antes do retorno de Cristo a Terra, com a sua Igreja glorificada.
3.      A Grande Tribulação.
A Grande Tribulação durará sete anos; trata-se de um período de transição entre a dispensação da Igreja e o Milênio.  É um tempo de angústias e sofrimentos sem precedentes na história: “porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais” (Mt 24.21). Os profetas falaram sobre esse dia, como foi o caso de Jeremias, Daniel, Joel, entre outros. Esse período é também conhecido como “Dia do SENHOR” no Antigo e também no Novo Testamento e terá seu início somente depois que a Igreja for arrebatada da terra. Essa etapa da história foi determinada por Deus para fazer justiça contra a rebelião dos moradores da terra e também para preparar a nação de Israel para o encontro com o seu Messias. A cidade de Jerusalém será ainda tomada por pouco tempo, pois, no final da Grande Tribulação, o Senhor Jesus descerá para livrar o seu povo. O apóstolo João relata a futura vitória de Cristo junto com seus santos sobre a Besta e sobre o Falso Profeta.
4.       A manifestação do Anticristo.
Será um período caracterizado por pragas de toda ordem e pela manifestação do Anticristo, o “homem do pecado, o filho da perdição” (2 Ts 2.3). O termo “anticristo”  é usado nas epístolas joaninas 103;  esse personagem nega que Jesus é o Cristo.  O Anticristo opõe-se, rejeita, renega e contesta a Cristo: “o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (2 Ts 2.4). Suas características são as de um ditador mundial. É o último grande governo mundial da história, identificado em Apocalipse como “a besta”. A besta que surge do mar — “vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres” (Ap 13.1) — é uma personagem que terá controle sobre dez reinos. Ela representa o Anticristo e o seu governo: “Estes têm um mesmo intento e entregarão o seu poder e autoridade à besta” (Ap 17.13). O “mar” é uma linguagem metafórica e indica as nações, povos e línguas.  A Besta recebe do dragão, Satanás, poderes para dominar o mundo e, além disso, ela blasfemará contra Deus. O Falso Profeta é o porta-voz do Anticristo, a besta que subiu da terra, que, por meio de falsos milagres, enganará os moradores da terra para se oporem a Deus. Trata-se de um governo promovido por Satanás. O Anticristo fará um concerto de sete anos com Israel. Entretanto, na metade desse período, o concerto será rompido: “E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares” (Dn 9.27); o rompimento acontecerá porque os judeus descobrirão que fizeram acordo com o Anticristo. Só a partir daí é que começará “o tempo de angústia para Jacó” (Jr 30.7). Ao final do período de sete anos, aparecerá o Libertador de Israel: “E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades” (Rm 11.26).
5.      A vinda de Cristo em glória.
Esse acontecimento é anunciado desde o princípio do mundo: “E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos” (Jd 14). O Novo Testamento grego emprega “miríades” de santos, como aparece na Tradução Brasileira. Isso significa “inumerável”. Os santos, aqui, são os raptados da terra juntamente com os ressuscitados durante o Arrebatamento da Igreja. É a segunda fase da Segunda Vinda de Cristo, que será visível e corporal com a sua Igreja glorificada: “E, então, verão vir o Filho do Homem numa nuvem, com poder e grande glória” (Lc 21.27); isso ocorrerá para que seja restaurado o trono de Davi. O anjo Gabriel anunciou a Maria, mãe de Jesus, que “o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim” (Lc 1.32,33). Isso significa a libertação do povo de Israel dos seus opressores. Nessa vinda, o Senhor Jesus Cristo derrotará a Besta e o Falso Profeta, fará o julgamento das nações e aprisionará Satanás por mil anos: “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que mais não engane as nações, até que os mil anos se acabem” (Ap 20.2,3). Daí em diante, será implantado o Reino de Cristo, o Reino de justiça e de paz.
6.       O Milênio.
O Milênio é o Reino de Cristo com duração de mil anos que terá início por ocasião da vinda de Cristo em glória com os seus santos. Todos os que estiverem vivos na terra após esses acontecimentos serão submetidos ao governo de Jesus Cristo.  Nesse período, Satanás estará aprisionado no abismo. Isso significa que a sua ação destruidora na terra será neutralizada e, assim, será iniciada uma nova ordem. Não temos em Apocalipse informações detalhadas sobre esse reino de mil anos, mas esses dados já estão nos profetas do Antigo Testamento. Trata-se da tão almejada paz universal, pois, nesse reino, haverá perfeita paz, retidão e justiça entre os seres humanos e também harmonia no reino animal. A sede desse governo será Jerusalém: “Porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém, a palavra do SENHOR” (Is 2.3). O Senhor Jesus assentar-se-á sobre o trono de Davi e, de Jerusalém, reinará sobre toda a humanidade. Esse reino trará salvação a Israel;  será a conclusão do programa divino sobre o povo de Deus, Israel. O Milênio não é ainda o fim e nem a consumação de todas as coisas.
7.      Os súditos do Reino de Cristo.
Os habitantes da terra no período do Milênio são os cidadãos das nações que sobreviveram à Grande Tribulação. O livro de Apocalipse mostra-nos que dois grupos reinarão com Cristo durante o Milênio: nós, os crentes provenientes da era da Igreja, e os mártires da Grande Tribulação: “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o  poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos” (Ap 20.4). Os crentes vindos da era da Igreja juntamente com os santos do Antigo Testamento receberão autoridade para governar a terra e, dentre eles, os 12 apóstolos governarão sobre as  tribos de Israel. As expressões “julgamento, julgar” trazem, com frequência, a ideia de “governo, governar” no Antigo Testamento. Esses serão os súditos do Rei dos reis. O segundo grupo são os mártires da Grande Tribulação que não adoraram a besta. Eles formam uma só grei juntamente com os crentes provenientes da era da Igreja, os santos da primeira ressurreição: “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos” (Ap 20.6). 

Referências bíblicas: Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil Casa Publicadora das Assembleias de Deus - Declaração de Fé  - Novembro/2016.



      



domingo, 7 de outubro de 2018

SOBRE A CURA DIVINA



             CREMOS, professamos e ensinamos que a cura divina é um ato da soberania, graça e misericórdia divina, que, através do poder do Espírito Santo, restaura física e/ou emocionalmente aqueles que demonstram fé em Jesus Cristo. Deus fez o homem um ser integral, formado por uma parte material e outra imaterial. A parte material, o corpo, é tão importante quanto a imaterial, a alma e o espírito. A Bíblia mostra que a obra redentora de Cristo incluiu também o corpo: “Gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23). A vontade de Deus é, portanto, curar tanto a alma como o corpo: “É ele que perdoa todas as tuas iniquidades e sara todas as tuas enfermidades” (Sl 103.3). Faz parte da natureza divina curar os enfermos, e Deus assim o faz para demonstrar o seu poder e amor pelos afligidos.
1.   A origem da enfermidade.
As Escrituras ensinam claramente que as doenças e a morte são resultantes da entrada do pecado no mundo: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm 5.12). As doenças e enfermidades existem como consequência da Queda e da desobediência humana. Há doenças que são consequências de um pecado específico; todavia, nem toda doença e enfermidade são decorrentes de um pecado pessoal. As Escrituras ensinam que existem doenças e enfermidades que são resultados da ação direta de Satanás e seus demônios, enquanto outras são apenas resultados de nossa condição humana pós-queda: “Não bebas mais água só, mas usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades” (1 Tm 5.23). A Bíblia ensina que Deus, na sua soberania, pode permitir a doença e, em situações específicas, usá-la como instrumento de correção.
2.   A cura divina na Antiga e Nova Aliança.
Deus prometeu curar o seu povo na Antiga Aliança. A cura fazia parte da aliança que Deus estabeleceu com seu povo Israel no Sinai: “Servireis ao SENHOR, vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e eu tirarei do meio de ti as enfermidades” (Êx 23.25). A obediência às exigências da aliança produzia cura, enquanto a não observância de seus preceitos trazia doenças. A lei da retribuição do pecado e suas consequências é uma realidade bem documentada na Antiga Aliança: “Eu dizia: SENHOR, tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti” (Sl 41.4). Todavia, nem sempre as doenças e as curas na Antiga Aliança estão condicionadas ao princípio de causa e efeito. Como exemplo, a doença de Jó e o consequente sofrimento não ocorreram em razão de seu pecado pessoal, mas, sim, da maldade de Satanás contra ele e contra Deus. No Novo Testamento, as curas e os milagres de ressurreição de mortos efetuados por Jesus faziam parte da sua revelação messiânica, da demonstração da sua compaixão pelos doentes e da manifestação da vinda do Reino de Deus. A expressão “Reino de Deus” deve ser entendida como sendo o domínio de Deus. A vinda do Reino de Deus proveu tanto o bem-estar espiritual como o físico: “E logo se lhe secou a fonte de sangue, e sentiu no corpo estar já curada daquele mal” (Mc 5.29). Ao curar os enfermos e ressuscitar os mortos, Jesus demonstrava que o Reino de Deus havia chegado: “e enviou-os a pregar o Reino de Deus e curar os enfermos” (Lc 9.2); “e falava-lhes do Reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura” (Lc 9.11).
3.   A cura divina e a expiação.
As Escrituras revelam que a cura divina é um dos benefícios da obra expiatória e redentora de Cristo. Ele proveu na cruz tanto a salvação da alma quanto a cura do corpo: “ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si [...] pelas suas pisaduras, fomos sarados” (Is 53.4,5). Essa palavra profética foi cumprida em Jesus, o qual demonstrou que a cura divina faz parte da provisão que Deus deixou para seus filhos: “Então, chegou ela e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me. Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar o pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos” (Mt 15.25,26).
4.   A oração pelos enfermos e a cura divina nos dias atuais.
A oração em favor dos enfermos é uma prática presente tanto no Antigo como no Novo Testamento. A primeira oração de cura  registrada no Antigo Testamento é feita por Abraão: “E orou Abraão a Deus, e sarou Deus a Abimeleque, e a sua mulher, e as suas servas, de maneira que tiveram filhos” (Gn 20.17). Moisés orou pela cura de Miriã, sua irmã: “E eis que Miriã era leprosa; e olhou Arão para Miriã, e eis que era leprosa [...] Clamou, pois, Moisés ao SENHOR, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures” (Nm 12.10,13). Naamã, o siro, foi curado de sua lepra pelo ministério do profeta Eliseu. O Novo Testamento registra que a oração em favor dos enfermos era uma prática constante na Igreja Primitiva. Visando o bem-estar espiritual e físico do seu povo, Deus equipou a Igreja com os dons de curar: “e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar” (1 Co 12.9); “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor, e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará” (Tg 5.14,15). A oração pelos enfermos não entra em conflito com o tratamento médico. O rei Ezequias foi curado de uma úlcera após ter uma pasta de figos posta sobre a sua enfermidade: “E dissera Isaías: Tomem uma pasta de figos e a ponham como emplasto sobre a chaga; e sarará” (Is 38.21). O Senhor Jesus reconheceu o valor dos médicos: “Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes” (Mt 9.12). Paulo, o apóstolo, aconselhou Timóteo a beber vinho com fins terapêuticos e tinha entre seus colaboradores um médico: “Saúda-vos Lucas, o médico amado” (Cl 4.14).
5.   A unção com óleo.
A ministração da unção com óleo sobre os enfermos é uma doutrina do Novo Testamento ensinada e incentivada como prática de fé para os crentes: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor” (Tg 5.14). A unção sobre os enfermos era um ritual comum nos tempos bíblicos do Novo Testamento. Os discípulos usavam a unção com óleo desde os dias do ministério terreno de Jesus: “e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam” (Mc 6.13). A ênfase, entretanto, não está no azeite, mas, sim, na oração da fé, que salva o doente. A única unção estabelecida como prática na igreja foi a unção com óleo, ministrada somente sobre os enfermos. Essa é uma prática exercida nos moldes do Novo Testamento, sendo, portanto, efetuada somente pelos que exercem a liderança da igreja. Entre nós, é praticada por presbíteros, evangelistas e pastores.

Bibliografia: Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil Casa Publicadora das Assembleias de Deus Declaração de Fé Novembro/2016.