domingo, 24 de junho de 2018

SOBRE AS CRIATURAS ESPIRITUAIS


                         
             
               
             CREMOS, professamos e ensinamos que os anjos são uma ordem sobrenatural de seres celestiais criados por Deus antes da fundação do mundo. Que eles são seres espirituais: “Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” (Hb 1.14). O termo “anjo” significa “mensageiro”; nas línguas originais, hebraico e grego, era usado para designar seres celestiais, seres terrestres, como os humanos e também para designar os anjos maus. Os anjos são organizados em milícias espirituais que povoam os céus: “E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus e dizendo” (Lc 2.13). Eles não são meras figuras de retórica, nem emanações cósmicas, mas são reais e habitam os céus. Jesus disse: “os seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que está nos céus” (Mt 18.10). De todas as criaturas, os anjos e os homens possuem uma natureza racional e espiritual que os torna superiores às demais criaturas irracionais.
1.    Seus nomes.
No Antigo Testamento, os anjos são chamados de “santos”: “resplandeceu desde o monte Parã e veio com dez milhares de santos; à sua direita havia para eles o fogo da lei” (Dt 33.2); vigia ou vigilante: “e eis que um vigia, um santo, descia do céu” (Dn 4.13); exército ou exércitos: “Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todos os seus exércitos” (Sl 148.2); anjos, tronos, dominações, principados, potestades: “todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades” (Cl 1.16). Entendemos que esses seres espirituais podem ser bons ou maus. O Anjo do SENHOR no Antigo Testamento é, muitas vezes, identificado com o próprio Deus, pois Deus manifesta-se também na forma angelical. Às vezes, porém, é distinto dele, pois Deus fala com o anjo do Senhor, e o anjo do Senhor fala com Deus. Esse anjo do Senhor também aparece no Antigo Testamento como uma manifestação pré-encarnada de Jesus.
2.    Sua natureza.
Os anjos são criaturas espirituais com poderes extraordinários: “Bendizei ao SENHOR, anjos seus, magníficos em poder” (Sl 103.20); estão acima dos seres humanos: “Enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder” (2 Pe 2.11); tem status superior aos humanos, além de mais conhecimento. Todavia, não são ilimitados, pois são criaturas e não conheciam os planos eternos de Deus. Eles não são oniscientes. Eles recusam adoração; antes, adoram a Deus e a Cristo. Os anjos são seres espirituais e invisíveis aos olhos humanos, mas podem manifestar-se de forma visível de acordo com a vontade de Deus. Eles não possuem corpo físico ou material, porém são apresentados como seres pessoais e morais. Suas aparições em forma humana são aparências assumidas ocasionalmente em forma angelofânica. Existem grandes multidões de anjos no céu, mas apenas Gabriel e Miguel são identificados por nome na Bíblia. Os anjos não estão sujeitos à morte e jamais deixarão de existir, mas também não se reproduzem.
3.    Seus ofícios.
Os anjos são obedientes a Deus: “anjos seus, magníficos em poder, que cumpris as suas ordens, obedecendo à voz da sua palavra” (Sl 103.20). Eles louvam e glorificam a Deus tanto no céu  como na terra, assim como aconteceu por ocasião do nascimento de Jesus. Eles intermediaram a entrega da Lei no Monte Sinai. Estão presentes nos cultos e observam a nossa vida. Esses seres angelicais executam as obras de Deus tanto no julgamento dos inimigos do povo de Deus como também dos crentes quando estes desobedecem a Deus. Eles revelam e comunicam a mensagem de Deus aos seres humanos. Há inúmeros fatos dessa natureza nas Escrituras, como o anúncio a Zacarias sobre o nascimento de João Batista e a Maria, sobre o nascimento do Senhor Jesus. Esses mensageiros celestiais assistiram os apóstolos Pedro e Paulo e o próprio Senhor Jesus Cristo. Foram eles que anunciaram às mulheres a ressurreição de Jesus e estiveram presentes na sua ascensão. Os anjos estão associados à vinda de Cristo, pois eles acompanharão o Senhor Jesus na sua volta, que enviará os seus anjos para separar o trigo do joio e para ajuntar os escolhidos no fim dos tempos: “E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus” (Mt 24.31). Eles trabalham a favor dos que temem a Deus: um anjo livrou os apóstolos da prisão; disse  a Filipe para ir ao deserto e levou uma mensagem de Deus para Cornélio. A Bíblia mostra diversas vezes os anjos socorrendo os servos e as servas de Deus em suas lutas e dificuldades. São eles que transportam os salvos ao seu destino final na sua morte.
4.    O anjo da guarda.
A ideia de que todas as pessoas possuem um anjo da guarda designado para acompanhá-las durante toda a sua vida não tem sustentação bíblica. Tal pensamento vem da tradição judaica antiga; e não é somente isso. Segundo essa tradição, o suposto anjo da guarda assume a semelhança da pessoa que a acompanha. Note que a menina Rode conheceu “a voz de Pedro” (At 12.14); os discípulos, no entanto, interpretaram como o “seu anjo” (At 12.15). Outra passagem bíblica que parece fundamentar a ideia de anjo da guarda é: “Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que está nos céus” (Mt 18.10). Aqui, porém, temos a informação de que os anjos estão na presença de Deus, adorando e louvando ao Pai, e não que cuidam individualmente das pessoas neste mundo.

5.    A organização angelical.
Os anjos acham-se organizados de forma hierárquica através de graduações que revelam níveis de autoridade. Essas graduações são percebidas pelo tipo de atividade que os anjos exercem no universo e na presença de Deus. Os arcanjos são maiorais dos anjos, como o prefixo “arc” sugere. Isso indica um ser angelical que exerce um papel de maioral, de príncipe, como um “primeiro-ministro” em governos terrenos. Miguel é um deles, o guardião do povo de Israel. A declaração bíblica “e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes” em Daniel 10.13 mostra que existe uma ordem de arcanjos. Os querubins fazem parte de uma ordem angelical e, no livro do profeta Ezequiel, eles aparecem como criaturas simbólicas na aparência, com características humanas e animais. O termo “querubim”, plural de kerub, na Bíblia Hebraica, vem de um verbo que quer dizer: “bendizer, louvar, adorar”. Eles aparecem pela primeira vez na Bíblia como guardiões do jardim do Éden. Eles, porém, representam a presença, a grandeza e a majestade de Deus. A Bíblia ensina que Deus habita entre os querubins. Os serafins são outra ordem elevada de anjos parecida com os querubins. O termo “serafim” significa “flamejantes, ardentes, brilhantes, refulgentes”. Eles estão diretamente ligados ao serviço de adoração e louvor a Deus.
6.    Os anjos decaídos.
São os que se rebelaram contra Deus. Eles foram criados por Deus e eram originalmente bons e, assim como o ser humano, dotados de livre-arbítrio; porém, sob a direção de Satanás, eles pecaram e rebelaram-se contra Deus, tornando-se maus. São identificados como “espíritos imundos” “espíritos malignos”, “demônios”. Eles são espíritos maus desprovidos de corpos, capazes de possuir corpos humanos e de animais: Satanás, o maioral deles, entrou em Judas Iscariotes; Maria Madalena estava possessa por sete demônios. São as chamadas possessões demoníacas. Os efeitos dessas possessões são evidenciados por loucura com manifestação de força maligna incomum para a autodestruição. Quem está sob influência de um demônio não é senhor de si mesmo, e o espírito imundo leva a pessoa aonde quer e fala pelos seus lábios ou os emudece. Há outras evidências dessas possessões, como mudez e surdez, cegueira e surdez, além de convulsões. Quando a Bíblia fala sobre “espírito de enfermidade”, não está fazendo referência a um tipo de demônio, e sim a uma ação demoníaca que pode provocar uma enfermidade e aprisionar as pessoas. As enfermidades nem sempre são possessão maligna; às vezes, trata-se de um problema de ordem clínica. Jesus disse: “eis que eu expulso demônios, e efetuo curas, hoje e amanhã” (Lc 13.32). Há, aqui, distinção entre doença e possessão demoníaca. Apesar de seus poderes sobrenaturais, os demônios nada podem fazer diante do poder de Jesus de Nazaré e nem dos crentes fiéis em Jesus: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (1 Jo 5.18). Além disso, nós recebemos autoridade para expulsá-los em nome de Jesus.

7.    O maioral dos demônios.
Trata-se do inimigo de Deus e dos seres humanos, que a Bíblia chama de Satanás, opositor, Diabo, Inimigo, Belzebu, príncipe dos demônios, Tentador, Grande Dragão, a Antiga Serpente, Pai da mentira, entre outros. Ele foi criado perfeito e era “o selo da simetria e a perfeição da sabedoria e da formosura” (Ez 28.12 – TB), mas o seu orgulho  levou-o a considerar-se igual a Deus: “Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.14). E assim, ele foi expulso do céu: “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva!” (Is 14.12). A Vulgata Latina emprega “Lúcifer”, termo latino que significa “portador de luz”, para “filho da alva”. Ele foi expulso do céu com a legião de anjos que se rebelou junto com ele. O modus operandi dos demônios e do seu maioral é a mentira, o erro e o engano. A mentira é uma das características da natureza satânica. Jesus disse que o Diabo é o pai da mentira: “[...] ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44). Com o engano, ele começou as suas atividades contra o ser humano. É com essa arma que ele e seus agentes seduzem as pessoas: “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” (Ap 12.9). O poder de Deus sobre Satanás e seus demônios é total e absoluto. Jesus venceu o Diabo logo no início do seu ministério terreno, e o Reino de Deus foi manifestado também pela expulsão de demônios. Os demônios sabem quem é Jesus e reconhecem que Ele é o Filho de Deus; entretanto, milhões de homens e mulheres ainda não descobriram essa verdade. Esses espíritos imundos conhecem a grandeza do poder de Jesus a ponto de nem mesmo o maioral deles poder confrontá-lo. Jesus disse que Satanás já está julgado: “e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado” (Jo 16.11), aguardando o dia do tormento eterno no lago de fogo, tão temido pelos demônios.

8.    Conclusão
            Esta doutrina, apesar de difícil, é da mais alta importância para o crente em sua vida cotidiana, pois os anjos são exemplos de louvor e ajudadores enviados por Deus. É reconfortante saber que há anjos do Senhor trabalhando para nos proteger dos perigos espirituais que rondam nossas vidas, e termos como exemplo de quão maravilhosa será nossa vida louvando ao Senhor por toda a eternidade

          Bibliografia: Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil Casa Publicadora das Assembleias de Deus Declaração de Fé.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

SOBRE O HOMEM


              
               Introdução
               CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus: “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7). A palavra “homem” no relato da criação em Gênesis 1 e 2 é adam, que aparece depois como nome próprio do primeiro homem. O ser humano foi criado macho e fêmea: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn 1.27).           Trata-se de um ser inteligente e que foi capaz de dar nome aos animais; feito à semelhança de Deus: “os homens, feitos à semelhança de Deus” (Tg 3.9); um pouco menor do que os anjos; coroado de honra e de glória e dotado por Deus de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal. Mediante a graça, essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo” (Jo 7.17). Mais de uma vez, Israel teve a liberdade de escolha quando foi chamado por Deus.            Podemos afirmar que nenhuma outra criatura foi feita como o homem, que é considerado a coroa da criação. Adão é o primeiro homem, e dele e Eva veio toda a geração dos seres humanos que vivem sobre o planeta terra.
1.      A constituição humana.
               Entendemos que o ser humano é constituído de três substâncias, uma física, corpo, e duas imateriais, alma e espírito. Exemplo dessa constituição nós temos no próprio Jesus. Essa doutrina é chamada tricotomia. Cristo é apresentado nas Escrituras com essas três características distintas e essenciais: “todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis [...]” (1 Ts 5.23); “[...] e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas” (Hb 4.12). Em 1 Coríntios 2.14-16; 3.1-4, o apóstolo Paulo mostra o homem “natural”, termo que literalmente quer dizer “pertencente à alma”, o homem carnal e o homem “espiritual”.       Por essas passagens do Novo Testamento, a natureza humana consiste numa parte externa, o corpo ou a carne, chamada “homem exterior” e uma parte interna, denominada “homem interior”, composta do espírito e da alma.
               2. O corpo
               O corpo é o invólucro do espírito e da alma. É a parte física, o homem exterior, que se corrompe, ou seja, envelhece e é mortal. O homem é carne como criatura perecível: “porque toda a carne é como erva” (1 Pe 1.24). Rejeitamos a ideia de ser o corpo a prisão da alma e do espírito ou de ser inerentemente mau e insignificante, pois ele é templo do Espírito Santo e templo de Deus, uma vez que o Espírito Santo habita em nós. O corpo é importante, pois Deus o ressuscitará: “Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção” (1 Co 15.42).
3.      O homem interior
                Praticamente tudo o que a Bíblia diz a respeito da alma fala também do espírito, pois ambos deixam o corpo por ocasião da morte e sobrevivem a ela. Às vezes, o ser humano é tido como “corpo e alma” e, outras vezes, “corpo e espírito”. Deus é revelado como espírito e alma. Essa interligação, às vezes, confunde os termos alma e espírito. Entretanto, eles são distintos entre si. O Espírito Santo opera por meio do espírito humano: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16); mas isso nunca se diz com respeito à alma humana. A Bíblia fala sobre o homem perder a sua alma: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mt 16.26); essa linguagem, todavia, nunca é usada a respeito do espírito. A alma e o espírito são substâncias espirituais incorpóreas e invisíveis. Apesar dessas características comuns, são entidades distintas, porém inseparáveis; são os dois lados da substância não física do ser humano, o “homem interior” (Ef 3.16).A Bíblia apresenta vários termos para indicar a parte espiritual do ser humano, além de alma e espírito, tais como mente, vontade e o uso metafórico de coração e rins.
4.      O espírito humano
               Ensinamos que o espírito é uma entidade distinta da alma, que, às vezes, é confundida com ela porque os dois elementos são inseparáveis e de substância imaterial. O espírito foi colocado por Deus no interior de Adão quando este foi criado; o espírito humano está em todos  os seres humanos. O espírito está dentro do corpo. É por meio dele que se adora a Deus e que ele se torna também o centro da devoção a Deus quando passa a ser morada do Espírito Santo: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16). Do espírito humano, provém o desejo de buscar as coisas espirituais.
5.      A alma humana
               A palavra “alma” tem vários significados na Bíblia, a saber, o próprio indivíduo: “a alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18.4), a pessoa e a vida. A alma é a sede do apetite físico, das emoções, dos desejos tanto bons como ruins, das paixões e do intelecto. É o centro afetivo, volitivo e moral da vida humana. A alma comunica-se com o mundo exterior por meio do corpo. É a partir dela que o homem sente, alegra-se e sofre através dos órgãos sensoriais. Como um dos elementos da natureza essencial do ser humano, a alma é uma substância incorpórea e invisível, inseparável do espírito, embora distinta dele, formada por Deus dentro do homem, sendo também consciente mesmo depois da morte física: “vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6.9,10).
6.      O fôlego de vida nos animais
               Os animais foram criados por Deus “conforme a sua espécie” (Gn 1.21,24,25), mas o ser humano foi criado “à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn 1.27). A natureza física do ser humano é o que há de comum com os animais e as plantas, sendo que a nossa estrutura física é mais complexa. Essa diferença é, portanto, de grau. As Escrituras chamam de “alma vivente” tanto o ser humano como os animais; há, porém, diferença no tipo de alma que o homem possui, pois os animais têm uma alma rudimentar. O termo “sangue” é, às vezes, usado para designar a vida dos animais. Assim como “nem toda carne é uma mesma carne” (1 Co 15.39), da mesma forma nem toda alma é uma mesma alma, pois Deus soprou nos narizes de Adão “o fôlego de vida”. Assim sendo, a alma humana foi animada pelo espírito que veio direto de Deus na criação de Adão. A alma dos animais irracionais é extinta na morte deles, mas não é isso que acontece com os seres humanos. A declaração de Eclesiastes 3.19-21 não faz menção da palavra “alma”, o que revela a morte física comum tanto aos humanos como aos animais irracionais.
7.      Os dois destinos
               Ensinamos que, na morte física do ser humano, alma e espírito são separados do corpo e que os cristãos que partiram desse mundo são chamados de “espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23), e os demais, de “espíritos em prisão” (1 Pe 3.19). Mas esses espíritos não ficam vagando no espaço e nem se comunicam com os vivos. Rejeitamos a crença da comunicação dos mortos com os vivos e a doutrina da reencarnação: “aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hb 9.27); “porque se lembrou de que eram carne, um vento que passa e não volta” (Sl 78.39). Morte significa “separação”. Há apenas dois destinos para os seres humanos, o Céu ou o Inferno. Deus tem um lugar preparado para os salvos na sua morte, que é identificado de diversas maneiras: “uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus [...] nossa habitação, que é do céu” (2 Co 5.1,2); “habitar com o Senhor” (2 Co 5.8); “estar com Cristo” (Fp 1.23). Os mártires da Grande Tribulação aparecem debaixo do altar de Deus, no Céu.
               Conclusão
              
            O homem foi designado para ser a imagem de Deus com respeito à soberania; e como ninguém pode ser monarca sem súditos e sem reino, Deus deu-lhe tanto um "império" como um "povo". Deus os abençoou, e lhes disse: "Frutificai, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra" (Gên. 2:28). Em virtude dos poderes implícitos em ser o homem formado à imagem de Deus, todos os seres viventes sobre a terra estavam entregues na sua mão. Ele devia ser o representante visível de Deus em relação às criaturas que o rodeavam. Todavia a queda do homem resultou na perda e no desfiguramento da imagem divina. Isto não quer dizer que os poderes mentais e psíquicos (a alma) foram perdidos; mas que a inocência original e a integridade moral, nas quais foi criado, foram perdidas por sua desobediência. Portanto, o homem é absolutamente incapaz de salvar-se a si mesmo e está sem esperança, a não ser por um ato de graça que lhe restaure a imagem divina.