CREMOS, professamos e ensinamos que os anjos
são uma ordem sobrenatural de seres celestiais criados por Deus antes da
fundação do mundo. Que eles são seres espirituais: “Não são, porventura, todos
eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de
herdar a salvação?” (Hb 1.14). O termo “anjo” significa “mensageiro”; nas
línguas originais, hebraico e grego, era usado para designar seres celestiais,
seres terrestres, como os humanos e também para designar os anjos maus. Os
anjos são organizados em milícias espirituais que povoam os céus: “E, no mesmo
instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a
Deus e dizendo” (Lc 2.13). Eles não são meras figuras de retórica, nem
emanações cósmicas, mas são reais e habitam os céus. Jesus disse: “os seus
anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que está nos céus” (Mt 18.10). De
todas as criaturas, os anjos e os homens possuem uma natureza racional e
espiritual que os torna superiores às demais criaturas irracionais.
1. Seus nomes.
No Antigo Testamento, os anjos são chamados
de “santos”: “resplandeceu desde o monte Parã e veio com dez milhares de
santos; à sua direita havia para eles o fogo da lei” (Dt 33.2); vigia ou
vigilante: “e eis que um vigia, um santo, descia do céu” (Dn 4.13); exército ou
exércitos: “Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todos os seus exércitos”
(Sl 148.2); anjos, tronos, dominações, principados, potestades: “todas as
coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam
dominações, sejam principados, sejam potestades” (Cl 1.16). Entendemos que
esses seres espirituais podem ser bons ou maus. O Anjo do SENHOR no Antigo
Testamento é, muitas vezes, identificado com o próprio Deus, pois Deus
manifesta-se também na forma angelical. Às vezes, porém, é distinto dele, pois
Deus fala com o anjo do Senhor, e o anjo do Senhor fala com Deus. Esse anjo do
Senhor também aparece no Antigo Testamento como uma manifestação pré-encarnada
de Jesus.
2. Sua
natureza.
Os anjos são criaturas espirituais com
poderes extraordinários: “Bendizei ao SENHOR, anjos seus, magníficos em poder”
(Sl 103.20); estão acima dos seres humanos: “Enquanto os anjos, sendo maiores
em força e poder” (2 Pe 2.11); tem status superior aos humanos, além de mais conhecimento.
Todavia, não são ilimitados, pois são criaturas e não conheciam os planos
eternos de Deus. Eles não são oniscientes. Eles recusam adoração; antes, adoram
a Deus e a Cristo. Os anjos são seres espirituais e invisíveis aos olhos
humanos, mas podem manifestar-se de forma visível de acordo com a vontade de
Deus. Eles não possuem corpo físico ou material, porém são apresentados como
seres pessoais e morais. Suas aparições em forma humana são aparências
assumidas ocasionalmente em forma angelofânica. Existem grandes multidões de
anjos no céu, mas apenas Gabriel e Miguel são identificados por nome na Bíblia.
Os anjos não estão sujeitos à morte e jamais deixarão de existir, mas também
não se reproduzem.
3. Seus
ofícios.
Os anjos são obedientes a Deus: “anjos
seus, magníficos em poder, que cumpris as suas ordens, obedecendo à voz da sua
palavra” (Sl 103.20). Eles louvam e glorificam a Deus tanto no céu como na terra, assim como aconteceu por
ocasião do nascimento de Jesus. Eles intermediaram a entrega da Lei no Monte
Sinai. Estão presentes nos cultos e observam a nossa vida. Esses seres
angelicais executam as obras de Deus tanto no julgamento dos inimigos do povo
de Deus como também dos crentes quando estes desobedecem a Deus. Eles revelam e
comunicam a mensagem de Deus aos seres humanos. Há inúmeros fatos dessa
natureza nas Escrituras, como o anúncio a Zacarias sobre o nascimento de João
Batista e a Maria, sobre o nascimento do Senhor Jesus. Esses mensageiros
celestiais assistiram os apóstolos Pedro e Paulo e o próprio Senhor Jesus
Cristo. Foram eles que anunciaram às mulheres a ressurreição de Jesus e
estiveram presentes na sua ascensão. Os anjos estão associados à vinda de
Cristo, pois eles acompanharão o Senhor Jesus na sua volta, que enviará os seus
anjos para separar o trigo do joio e para ajuntar os escolhidos no fim dos
tempos: “E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais
ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade
dos céus” (Mt 24.31). Eles trabalham a favor dos que temem a Deus: um anjo
livrou os apóstolos da prisão; disse a
Filipe para ir ao deserto e levou uma mensagem de Deus para Cornélio. A Bíblia
mostra diversas vezes os anjos socorrendo os servos e as servas de Deus em suas
lutas e dificuldades. São eles que transportam os salvos ao seu destino final
na sua morte.
4. O anjo da
guarda.
A ideia de que todas as pessoas possuem um
anjo da guarda designado para acompanhá-las durante toda a sua vida não tem
sustentação bíblica. Tal pensamento vem da tradição judaica antiga; e não é
somente isso. Segundo essa tradição, o suposto anjo da guarda assume a
semelhança da pessoa que a acompanha. Note que a menina Rode conheceu “a voz de
Pedro” (At 12.14); os discípulos, no entanto, interpretaram como o “seu anjo”
(At 12.15). Outra passagem bíblica que parece fundamentar a ideia de anjo da
guarda é: “Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que
os seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que está nos céus” (Mt
18.10). Aqui, porém, temos a informação de que os anjos estão na presença de
Deus, adorando e louvando ao Pai, e não que cuidam individualmente das pessoas
neste mundo.
5. A
organização angelical.
Os anjos acham-se organizados de forma
hierárquica através de graduações que revelam níveis de autoridade. Essas
graduações são percebidas pelo tipo de atividade que os anjos exercem no
universo e na presença de Deus. Os
arcanjos são maiorais dos anjos, como o prefixo “arc” sugere. Isso indica
um ser angelical que exerce um papel de maioral, de príncipe, como um
“primeiro-ministro” em governos terrenos. Miguel é um deles, o guardião do povo
de Israel. A declaração bíblica “e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes”
em Daniel 10.13 mostra que existe uma ordem de arcanjos. Os querubins fazem parte de uma ordem angelical e, no livro do
profeta Ezequiel, eles aparecem como criaturas simbólicas na aparência, com
características humanas e animais. O termo “querubim”, plural de kerub, na
Bíblia Hebraica, vem de um verbo que quer dizer: “bendizer, louvar, adorar”.
Eles aparecem pela primeira vez na Bíblia como guardiões do jardim do Éden.
Eles, porém, representam a presença, a grandeza e a majestade de Deus. A Bíblia
ensina que Deus habita entre os querubins. Os
serafins são outra ordem elevada de anjos parecida com os querubins. O
termo “serafim” significa “flamejantes, ardentes, brilhantes, refulgentes”.
Eles estão diretamente ligados ao serviço de adoração e louvor a Deus.
6. Os anjos
decaídos.
São os que se rebelaram contra Deus. Eles
foram criados por Deus e eram originalmente bons e, assim como o ser humano,
dotados de livre-arbítrio; porém, sob a direção de Satanás, eles pecaram e
rebelaram-se contra Deus, tornando-se maus. São identificados como “espíritos
imundos” “espíritos malignos”, “demônios”. Eles são espíritos maus desprovidos
de corpos, capazes de possuir corpos humanos e de animais: Satanás, o maioral
deles, entrou em Judas Iscariotes; Maria Madalena estava possessa por sete
demônios. São as chamadas possessões demoníacas. Os efeitos dessas possessões
são evidenciados por loucura com manifestação de força maligna incomum para a
autodestruição. Quem está sob influência de um demônio não é senhor de si
mesmo, e o espírito imundo leva a pessoa aonde quer e fala pelos seus lábios ou
os emudece. Há outras evidências dessas possessões, como mudez e surdez,
cegueira e surdez, além de convulsões. Quando a Bíblia fala sobre “espírito de
enfermidade”, não está fazendo referência a um tipo de demônio, e sim a uma
ação demoníaca que pode provocar uma enfermidade e aprisionar as pessoas. As
enfermidades nem sempre são possessão maligna; às vezes, trata-se de um
problema de ordem clínica. Jesus disse: “eis que eu expulso demônios, e efetuo
curas, hoje e amanhã” (Lc 13.32). Há, aqui, distinção entre doença e possessão
demoníaca. Apesar de seus poderes sobrenaturais, os demônios nada podem fazer
diante do poder de Jesus de Nazaré e nem dos crentes fiéis em Jesus: “Sabemos
que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando; mas o que de Deus é
gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (1 Jo 5.18). Além
disso, nós recebemos autoridade para expulsá-los em nome de Jesus.
7.
O maioral dos demônios.
Trata-se do inimigo de Deus e dos seres humanos,
que a Bíblia chama de Satanás, opositor, Diabo, Inimigo, Belzebu, príncipe dos
demônios, Tentador, Grande Dragão, a Antiga Serpente, Pai da mentira, entre
outros. Ele foi criado perfeito e era “o selo da simetria e a perfeição da
sabedoria e da formosura” (Ez 28.12 – TB), mas o seu orgulho levou-o a considerar-se igual a Deus:
“Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (Is
14.14). E assim, ele foi expulso do céu: “Como caíste do céu, ó estrela da
manhã, filha da alva!” (Is 14.12). A Vulgata Latina emprega “Lúcifer”, termo
latino que significa “portador de luz”, para “filho da alva”. Ele foi expulso
do céu com a legião de anjos que se rebelou junto com ele. O modus operandi dos
demônios e do seu maioral é a mentira, o erro e o engano. A mentira é uma das
características da natureza satânica. Jesus disse que o Diabo é o pai da
mentira: “[...] ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade,
porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é
próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44). Com o engano, ele
começou as suas atividades contra o ser humano. É com essa arma que ele e seus
agentes seduzem as pessoas: “E foi precipitado o grande dragão, a antiga
serpente, chamada o diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi
precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele” (Ap 12.9). O
poder de Deus sobre Satanás e seus demônios é total e absoluto. Jesus venceu o
Diabo logo no início do seu ministério terreno, e o Reino de Deus foi
manifestado também pela expulsão de demônios. Os demônios sabem quem é Jesus e
reconhecem que Ele é o Filho de Deus; entretanto, milhões de homens e mulheres
ainda não descobriram essa verdade. Esses espíritos imundos conhecem a grandeza
do poder de Jesus a ponto de nem mesmo o maioral deles poder confrontá-lo.
Jesus disse que Satanás já está julgado: “e do juízo, porque já o príncipe
deste mundo está julgado” (Jo 16.11), aguardando o dia do tormento eterno no
lago de fogo, tão temido pelos demônios.
8. Conclusão
Esta
doutrina, apesar de difícil, é da mais alta importância para o crente em sua
vida cotidiana, pois os anjos são exemplos de louvor e ajudadores enviados por
Deus. É reconfortante saber que há anjos do Senhor trabalhando para nos
proteger dos perigos espirituais que rondam nossas vidas, e termos como exemplo
de quão maravilhosa será nossa vida louvando ao Senhor por toda a eternidade
Bibliografia: Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil
Casa Publicadora das Assembleias de Deus Declaração de Fé.