quarta-feira, 19 de julho de 2017

POTENCIAL REPRIMIDO


 Esse foi o caso de Johnnetta McSwain, cuja história conheci recentemente. Por mais de trinta anos ela era alguém que não via valor ou potencial em si mesma. Mas honestamente havia muitas razões legítimas para a sua péssima autopercepção.
Johnnetta era filha de mãe solteira. Sua mãe nunca escondeu o fato de não a querer Johnnetta e a sua irmã um ano mais velha, Sonya, e mais uma prima que passaram os primeiros cinco ou seis anos de vida com a avó, em Birmingham, Alabama. A casa também era compartilhada com três tios, que
abusavam das crianças psicológica, física e sexualmente. Johnnetta ficou com marcas físicas e emocionais.
“Quando estava com cinco anos”, diz Johnnetta: “Eu já me via como alguém inferior, abandonada por minha própria mãe. Como criança eu não tinha lugar, voz, ou qualquer valor,” Quando a mãe das meninas soube do abuso, levou as três para uma nova casa. Mas o abuso continuou, dessa vez por parte do companheiro da sua mãe. Sonya por fim acabou vivendo nas ruas,
dependente de cocaína. Johnnetta não se envolveu com drogas, mas passava muito tempo pelas ruas e abandonou os estudos no segundo ano do Ensino Médio. Teve o seu primeiro filho fora do casamento aos dezenove anos, e o segundo aos vinte e cinco. A maior parte do tempo viveu em abrigos do
governo e com ajuda da assistência social. Contava também com apoio extra de algum namorado.
Recorria a furtos em lojas para se abastecer de roupas da moda.
A perspectiva de Sonya irônicamente resume o estado em que viviam: “Todos em minha família tem estado na prisão, nas drogas e não terminaram os estudos. Então o que posso esperar da vida?
Quem posso ser, no que posso me tornar? O que posso realizar? Nada!” Naquele dia percebi que não tinha absolutamente nada a celebrar — não tinha dinheiro, emprego, casa, marido, e nenhuma idéia ou mesmo a vontade de fazer as coisas melhorarem... Pelo menos sabia que era hora de fazer algumas mudanças.                                                                                                                         Ela não estava feliz com a sua vida, e percebeu que se continuasse naquela mesma direção os seus dois filhos também estariam em problemas. Até onde sabia, nenhum dos homens da sua família havia terminado o Ensino Médio. Muitos morreram jovens ou acabaram na prisão. Ela não queria esse
futuro para os seus meninos.
Para Johnnetta o processo iniciou com o seu empenho em obter o GED (Diploma de Equivalência Geral). Ela fez um curso de vinte semanas para se preparar para o teste. Era preciso obter 45 pontos para passar. Tirou 44,5. Mas estava determinada em fazer algo por si mesma e marcou um novo
exame assim que pode. Quando passou, estava animada em ser escolhida para fazer o discurso de formatura na cerimônia de graduação. Ninguém da sua família veio.
Johnnetta sabia que para mudar precisaria deixar Birminghan recomeçar. Ela queria fazer algo que ninguém da sua família havia feito — ir para a faculdade. Decidiu mudar-se para Atlanta, Georgia, e se sentia motivada por um sentimento profundo: “Tenho a chance de ser quem eu quiser.” Ela levou quase três anos, mas fez a mudança. Logo em seguida ela entrou para a Universidade Estadual Kennesaw, decidida a fazer mais que a grade completa a cada semestre. Estava com trinta e três anos quando iniciou a faculdade. Era uma garota esperta — com a esperteza das ruas e não a dos livros, pelo menos no início. Isso a princípio a deixou intimidada.
Mas pela primeira vez na vida ela estava determinada a se tornar
alguém melhor. E logo percebeu que poderia fazê-lo.
“Percebi que não precisava ser esperta”, explica Johnnetta. “Eu
só tinha que ser determinada, motivada e concentrada. Isso me
custou caro. Tive que mudar meu modo de pensar. Tinha que pensar
de forma inteligente.” Ela não somente estudou muito e permaneceu
concentrada, como também procurou a pessoa mais inteligente em
cada uma das suas classes e lhe pediu para estudarem juntos. Logo ela estava estudando e pensando como os melhores alunos da faculdade. Ela também manteve a sua visão de futuro. No início de cada semestre ela ia à loja do campus e experimentava uma beca e barrete, mirandose no espelho e
imaginando como seria a colação de grau.
Um dia, conversando com um colega de classe, ela percebeu algo. O colega estava falando: “Eu não me amo. Sou um ninguém.” Johnnetta respondeu: “Se você me ama, com certeza pode se amar”. Neste momento ela foi
impactada, provavelmente pela primeira vez. “Percebi que amava a mim mesma.” Ela havia mudado.
Estava se transformando na pessoa que desejava ser, a pessoa que foi criada para ser.
Johnnetta concluiu o bacharelado em três anos. Depois ela iniciou a pós-graduação, e ganhou o titulo de mestrado em serviço social. Atualmente está terminando o doutorado.
“Lutei contra algo que a sociedade me impôs. O meio me dizia que eu não poderia fazer. Respondi que sim, eu posso!” Nathaniel Branden, um psiquiatra especialista em questões de autoestima diz: “Nenhum fator é mais importante
para o desenvolvimento psicológico e a motivação que o juízo de
valor que as pessoas fazem sobre si mesmas. Cada aspecto da sua
vida é impactado pelo modo como se veem.” Se você acredita não
ter valor, então não irá se valorizar. Você não deve se preocupar muito com o que outros pensam a seu respeito. É preciso ficar mais
preocupado com o que pensa de si mesmo. É isso o que Johnnetta McSwain fez. Quando se preparava para se mudar para Atlanta, os seus amigos e família lhe disseram que isso nunca iria acontecer. Quando ela se mudou, eles lhe disseram que iria fracassar e retornar a Birminghan.
Ninguém realmente acreditava nela, mas Johnnetta não se importou. Tinha o seu próprio caminho. Ela diz: “Você não precisa aceitar o que as pessoas dizem que você vai ser”. Não é maravilhoso?

Se depositar pouco valor em si mesmo, tenha certeza que o mundo não vai melhorar a oferta. Se quiser se tornar a pessoa que tem potencial para ser, deve acreditar que pode!