sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

7- O Transtorno Depressivo Maior (TDM) ou Depressão Maior



 É o que chamamos comumente de “depressão”. Trata-se de um distúrbio cerebral caracterizado por desregulação conjunta de áreas relacionadas ao humor, energia, impulsos (vontade/iniciativa), prazer, funções neurovegetativas (sono, apetite, libido e dor) e de funções cognitivas (pensamento, memória, atenção e funções executivas), em maior ou menor grau.

A desregulação da função cerebral do humor está sempre presente, embora nem sempre o humor seja melancólico (tristeza, choro, culpa, sentir-se inútil e sem esperanças) e muitas vezes são apáticas (indiferença, perda de atratividade pelo meio). A alteração do humor na depressão maior produz um estado de humor distinto do normal do indivíduo, é possível perceber uma alteração no temperamento, o humor relacionado à personalidade, que é constante e que na depressão maior se torna alterado.

Além disso, os sintomas são suficientemente graves a ponto de atrapalhar pelo menos de alguma maneira o dia-a-dia da pessoa e trazer sofrimento. Embora possa ocorrer em episódio único, isto é, a pessoa ter uma depressão, se tratar e ficar curada, geralmente evolui para uma condição recorrente, isto é, com novos episódios de depressão futuros.

Muitas vezes o tratamento inadequado no primeiro episódio de depressão é o fator que leva a cronificação da doença e a sua alta recorrência. A ocorrência de depressão maior ao longo da vida é da ordem de 20% na população geral, isto é, 1/5 da população total do planeta vai experimentar algum grau de episódio depressivo ao longo da vida e as estatísticas são semelhantes mesmo mudando de país pois é uma doença de ocorrência universal.

Geralmente tem início após os 30 anos de idade sendo que episódios depressivos que se iniciam muito cedo (infância e adolescência) devem levantar a hipótese de depressão em outras doenças (transtorno bipolar, transtornos de personalidade, etc). Ocorre cerca de 3 a 4 vezes mais frequentemente em mulheres do que em homens devido a fatores hormonais.

A herança genética ocorre em 60%, isto é, a chance de um parente de primeiro grau acometido doar os genes para sucessores é desta ordem, o que não significa que a doença vá se expressar porque muitas vezes transtornos do humor necessitam de gatilhos ambientais e psicológicos para o início da apresentação clínica.

Entre 80% e 90% dos pacientes com esse diagnóstico podem ser eficazmente tratados e retornam à sua vida normal. O risco de suicídio da depressão maior é cerca de metade (7%) do risco na depressão com bipolaridade (15%).

O diagnóstico de transtorno depressivo maior é clínico, isto é, a partir de um conjunto de sinais e sintomas que se agrupam de maneira semelhante nas pessoas acometidas pela mesma doença. É importante se descartar outras doenças físicas (hormonais, hematológicas, reumatológicas, neurológicas, etc) e uso de substâncias (medicamentos ou drogas) que podem causar secundariamente depressão.

 Os sintomas devem estar presentes continuamente ou na maior parte do tempo por pelo menos 2 semanas, de maneira
diferente do funcionamento habitual da pessoa e causando um impacto significativo no convívio social, no trabalho ou em outras áreas importantes da vida (observação: os sintomas 1 e/ou 2 são obrigatórios):

• Humor deprimido (melancólico ou apático) na maior parte do dia, quase todos os dias;
• Interesse ou prazer marcadamente diminuídos em relação a todas ou quase todas as atividades, quase todos os dias;
• Perda ou ganho de peso significativo;
• Insônia ou sono excessivo quase todos os dias;
• Lentificação motora quase todos os dias;
• Fadiga ou perda de energia quase todos os dias;
• Sentir-se sem valor ou com culpa excessiva, quase todos os dias;
• Habilidade reduzida de pensar ou se concentrar, quase todos os dias;
•Pensamentos recorrentes sobre morte, pensamentos suicidas sem um plano, tentativa de suicídio ou plano para cometer suicídio.

Referência: Tabela periódica dos transtornos emocionais (vittude).