1. As
diversidades.
São três as
classes de manifestações dos dons espirituais: diversidade de dons, diversidade de ministérios e diversidade de
operações. A diversidade de dons tem sua origem no Espírito Santo: “Ora, há
diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (1 Co 12.4). A diversidade de ministérios ou serviços tem sua fonte
no Senhor Jesus: “E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo” (1 Co 12.5); e as operações ou
atividades vêm de Deus: “E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que
opera tudo em todos” (1 Co 12.6). O
termo “Deus” vem em grego acompanhado do artigo que mostra ser uma referência a
Deus Pai. Cada pessoa da Trindade desempenha
um papel essencial na manifestação dos dons. É uma diversidade na unidade,
assim como adoramos um só Deus em trindade e trindade em unidade. Os termos
“dons”, “ministérios” e “operações” estão associados a cada pessoa da Trindade;
contudo, é o Espírito Santo quem opera todas as coisas: “Mas um só e o mesmo
Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como
quer” (1 Co 12.11).
2. A
distribuição dos dons.
Os dons espirituais são poderes sobrenaturais do
Espírito para que a Igreja atue como um todo no mundo; são concessões da graça
do Espírito conforme a medida da fé de cada um: “De modo que, tendo diferentes
dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida
da fé” (Rm 12.6). Os dons são distribuídos pelo Espírito para o perfeito
funcionamento da Igreja, que é o corpo espiritual de Cristo: “Ora, vós sois o
corpo de Cristo e seus membros em particular” (1 Co 12.27). Na diversidade,
cada dom é concedido para o que for útil. Eles
não são atestados pessoais de santidade que induzem as pessoas a acreditar que são mais santas ou mais espirituais que
outras; também não transformam as pessoas em superespirituais, nem as tornam
melhores ou superiores a outros crentes; não são para exibição ou superioridade
particular no seio da Igreja, mas são para a glória de Deus. Nenhum dom
individualiza qualquer crente, porque o mérito será sempre do Senhor. Os dons
fortalecem a unidade da Igreja, promovendo a comunhão dos membros do corpo de
Cristo: “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os
membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também” (1 Co 12.12). O corpo humano possui
muitos membros, todos eles indispensáveis para o seu perfeito funcionamento.
Cada cristão é parte integrante da Igreja e tem uma função a realizar. Nenhum
membro tem utilidade fora do corpo. Cremos que um membro não se isola no corpo,
mas faz parte de uma multiplicidade que o torna indispensável.
3. A palavra da
sabedoria e a palavra da ciência.
A lista em 1
Coríntios 12.8-10 começa com esses dons: “Porque a um, pelo Espírito, é dada a
palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo
Espírito, a palavra da ciência” (1
Co 12.8). O dom da sabedoria é um recurso extraordinário proveniente do
Espírito Santo, cuja finalidade é a solução de problemas igualmente
extraordinários. Como dom espiritual, é uma espécie de sabedoria dada por Deus.
É a capacitação do Espírito Santo na vida da Igreja para orientação e conselho
aos crentes sobre dificuldades, cuja solução está fora do seu alcance no
dia-a-dia da igreja, no trato com as pessoas descrentes e na pregação do evangelho. A palavra do
conhecimento ou da ciência diz respeito ao conhecimento das coisas de Deus.
Esse dom consiste em uma ciência manifestada unicamente pelo Espírito Santo: “como
me foi este mistério manifestado” (Ef
3.3), pelo qual podemos saber, compreender e, assim, conhecer aquilo que, pelo entendimento humano, jamais
poderíamos alcançar.
4. A fé e os
dons de curar.
Em seguida, aparecem mais dois dons: “e a outro, pelo
mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar” (1 Co 12.9). O dom da fé distingue-se
da fé salvíficae da fé como o fruto do Espírito; trata-se de uma fé especial
usada num momento específico. Quanto aos dons de curas, são manifestações do
poder do Espírito Santo que operam de maneira multiforme para cura de doenças e
enfermidades do corpo, da alma ou psicossomáticas, sempre concedidas pelo
Espírito Santo à pessoa que irá ministrá-la, pois é Deus quem cura e somente a
Ele pertence a glória.
5. Os outros
dons.
A lista chega
ao seu fim com os seguintes dons: “e a outro, a operação de maravilhas; e a
outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a
variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas” (1 Co 12.10). A expressão “operação de
maravilhas” está no plural em grego e significa “obras poderosas” ou “de
poder”, o que sugere grande variedade de milagres. O milagre já é, em si mesmo,
a intervenção divina na ordem natural das coisas, mas aqui diz respeito a
sinais poderosos e extraordinários. O dom de profecia é diferente da profecia
anunciada pelos profetas do Antigo Testamento. A revelação canônica já se
encerrou, mas Deus continua a falar por meio da Bíblia. O Senhor proveu outros
recursos por meio dos quais se comunica com os seres humanos, dentre eles o dom
de profecia, como manifestação momentânea do Espírito Santo na vida de qualquer
crente batizado no Espírito Santo. O seu objetivo é a “edificação, exortação e
consolação” (1 Co 14.3). Por meio desse
dom, o Senhor continua comunicando-se com seus servos e servas de forma
individual, mas a profecia decorrente do dom não serve de fonte de autoridade,
como a dos profetas e dos apóstolos bíblicos, pois é possível alguém ampliar a mensagem sem autorização do Espírito,
sendo, inclusive, passível de julgamento: “E falem dois ou três profetas, e os
outros julguem” (1 Co 14.29); “E os espíritos dos profetas estão sujeitos
aos profetas” (1 Co 14.32). O dom de discernir os espíritos é um recurso do
Espírito Santo contra as falsificações dos demônios. A expressão “discernir os
espíritos” está no plural em grego, como acontece com os dons de curar e de
operação de maravilhas, pois esse dom pode manifestar-se de várias maneiras. A
essência das línguas como evidência inicial do batismo no Espírito Santo é a
mesma do dom de variedade de línguas. A diferença entre dom e sinal está na
função. A variedade de línguas é manifestada na oração particular para edificar
o crente individualmente; na oração pública, a edificação é geral; nesse caso,
há necessidade do dom de interpretação de línguas.
Bibliografia:
Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil
Casa Publicadora das Assembleias de Deus Declaração de Fé Novembro/2016.