A alma é uma
substância incorpórea e invisível do homem, inseparável do espírito, embora
distinta dele, formada por Deus dentro do homem, consciente, mesmo fora do
corpo. Ela é a sede das emoções, desejos e paixões, cuja comunicação com o
mundo exterior é manifesta através do corpo. É a partir dela que o homem sente,
goza e sofre tudo através dos órgãos sensoriais. É algo inerente ao ser humano,
e é o centro de sua vida afetiva, volitiva e moral. É ela que presta conta a
Deus dos atos humanos.
A alma aparece na
Bíblia como figura de linguagem chama-da Sinédoque (toma a parte pelo todo),
isto é, o homem interior para representá-lo na totalidade do ser. Por causa
disso há muita confusão. A alma é sede das emoções: "Dize-me, ó tu, a quem
ama a minha alma" (Ct 1.7); "...não se angustiou a minha alma pelo
necessitado?" (Jó 30.25); "Alegra a alma do teu servo, pois, a ti,
Senhor, levanto a minha alma" (SI 86.4).
A palavra
"alma" é, muitas vezes, aplicada à pessoa em si mesma: "Todas as
almas, pois, que descenderam de Jacó foram setenta almas; José porém estava no
Egito" (Êx 1.5). Isso pode ser confirmado em várias passagens bíblicas:
"a alma que pecar, essa morrerá" (Ez 18.4). E também identificada com
o sangue: "porque a alma de toda a carne é o seu sangue" (Lv 17.14).
E apresentada na Bíblia como a vida: "que está na sua mão a alma de tudo
quanto vive, e o espírito de toda carne humana?" (Jó 12.10). A alma é
também a sede do apetite físico: "Comerei carne, porquanto a tua alma tem
desejo de comer carne; conforme todo o desejo da tua alma, comerás carne"
(Dt 12.20). Veja ainda Números 21.5; Jó 33.20; Eclesiastes 2.24. O desejo do
homem é manifesto ao mundo exterior pelo corpo.
Ela sobrevive à
morte juntamente com o Espírito. A Bíblia ensina que há um lugar para os que
partem desse mundo. Ela ensi-na tanto através da história do povo de Deus como
também de maneira direta. Jacó é um exemplo clássico na história bíblica.
Quando seus filhos lhe trouxeram a túnica de José, toda ensan-güentada na
tentativa de fazer Jacó crer que José fora devorado por um animal selvagem,
Jacó disse: "... com choro hei de descer ao meu filho até a
sepultura" (Gn 37.35). A palavra hebraica usada aqui, para
"sepultura", é sheol. Como Jacó esperava descer à sepultura
visto que para ele José não teve sepultura, uma vez que foi despedaçado por uma
fera? Ele sabia que os mortos sobrevi-vem à morte e que estão em algum lugar.
Outro exemplo no
Velho Testamento é o do profeta Elias. Ele orou para que Deus ressuscitasse o
filho da viúva, disse: "Ó SENHOR meu Deus, rogo-te que torne a alma desse
menino a entrar nele" (1 Rs 17.21). O texto é claro em mostrar que a alma
é distinta do corpo e sobrevive à morte. O Senhor Jesus disse que o homem pode
até matar o corpo, mas nunca a alma "E não temais os que matam o coipo e
não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno
a alma e o corpo" (Mt 10.28). Na segunda parte do versículo não fala de
"matar" a alma, mas de "fazer perecer". A passagem
paralela, em Lucas 12.4,5, deixa isso ainda mais claro, de que nossos inimigos
podem, no máximo, matar o corpo, mas nada podem fazer com a alma.
O apóstolo Paulo
afirma que morrendo ele estaria com o Senhor: "tendo o desejo de partir e
estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor" (Fp 1.23). Não há
espaço aqui para as cren-ças das Testemunhas de Jeová. A morte não é o fim de
tudo. Em outro lugar a Bíblia ensina: "Se a nossa casa terrestre se
desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos
céus... desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o
Senhor" (2 Co
5.1, 8). Não há necessidade de explicação, pois essas palavras são claras. Isso
não é filosofia e nem pensamento humano, é a Palavra de Deus. Morrendo o
cristão, ele tem a garantia de estar na presença de Deus.
O texto que fala do
malfeitor que fora crucificado ao lado do Senhor Jesus é outra prova de que a
alma sobrevive à morte. Jesus disse: "Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no paraíso" (Lc 23.43). Como o Coipo Governante das Testemunhas de
Jeová não viu saída para essa passagem bíblica, desceu tanto o nível e apelou
de maneira tal que falsificou o texto sagrado na Tradução do Novo Mundo,
mudando completamente o sentido das palavras de Jesus. É como se dissesse em
outras palavras: "Não foi isso que Jesus disse mas damos um jeito".
O livro de
Apocalipse fala dos mártires na glória: "... vi debaixo do altar as almas
dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que
deram. E clama-vam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo
Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a
terra?" (Ap 6.9, 10). Se a Bíblia não falasse mais nada sobre o assunto,
sendo apenas essa a única passagem sobre a sobrevivência da alma à morte, teríamos
o suficiente para funda-mentar essa doutrina.
O substantivo grego
thanatos significa separação, pois na morte o espírito e a alma se
separam do corpo. Essa separação também se aplica na esfera espiritual. Adão e
Eva morreram espiritualmente logo após seu pecado, viram que estavam nus, se
esconderam da presença de Deus, temeram se apresentar diante dele. Fisicamente
também morreram no mesmo dia, mas não exatamente no mesmo momento que pecaram,
pois para Deus, "um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um
dia" (2 Pe 3.8), e Adão não chegou a viver mil anos.
A morte, tanto
física como espiritual, é conseqüência do pe-cado: "Pelo que, como por um
homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte
passou a todos os homens, por isso que todos pecaram" (Rm 5.12). Veja
ainda Gênesis 2.17; 3.19; Romanos 5.18. Jesus disse que quem crer nele passa da
morte para a vida: "...não entrará em
condenação, mas passou da morte para a vida" (Jo 5.24),
isso porque o homem sem Deus está separado dele, portanto morto.
Referência: Esequias Soares – Manual Apologêtica –CPAD.
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