sábado, 2 de fevereiro de 2019

Um Inimigo que Precisa Ser Resistido



LEITURA BÍBLICA: Tiago 4.1-10
OBS: Leia primeiro o texto bíblico para maior compreensão da literatura.

Refletir
“Guerras externas vêm de guerras internas”
           
            A Epístola de Tiago é o escrito mais antigo do Novo Testamento e tem por objetivo evitar desentendimentos entre os discípulos de Cristo. Segundo a maioria dos expositores bíblicos, a sua composição não vai além do ano 45 d.C.
          A carta foi dirigida especificamente aos primeiros cristãos dispersos, de origem judaica, pelo vasto império romano (Tg 1.1); e, de maneira geral, a todos os crentes em Jesus em todos os lugares e em todas as épocas. Trata-se de um livro prático, muito próximo do Sermão do Monte proferido por Jesus em Mateus 5 a 7 e importantíssimo para a conduta do cristão.
          O conteúdo da epístola parece confirmar essa antiguidade, isso pelos aspectos cristológicos praticamente ausentes. O nome de Jesus só aparece duas vezes nos seus cinco capítulos (Tg 1.1; 2.1). Há pouco ensino doutrinário, pois a assembléia dos discípulos era ainda tida como sinagoga: “Porque, se entrar na sinagoga de vocês um homem” (Tg 2.2, Nova Almeida Atualizada). O termo “igreja” aparece aqui (Tg 5.14), mas o emprego da palavra “sinagoga” como alternativa mostra que Tiago vem de uma época em que os discípulos eram chamados de “o movimento de Jesus”.
          Ao separar a fé das obras, Tiago enfatiza o cristianismo prático e nos dá munição para resistir ao Inimigo e ao pecado. Tiago retoma o tema tratado no capítulo anterior sobre a “amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração” (Tg 3.14), próprio de uma sabedoria “terrena, animal e diabólica” (Tg 3.15) e presente na vida daqueles primeiros cristãos. Esses problemas vêm atravessando os séculos e hoje não é diferente, pois o problema da natureza humana permanece o mesmo. O ensino aqui está tratando do caráter cristão que precisa ser afinado com o sentimento de Cristo.
          Há quem afirme que essas guerras e pelejas ( v.1 ),sejam uma referência às disputas internas que havia entre os judeus de Jerusalém nos levantes contra Roma. A população da Judéia estava dividida nessa época sobre a luta pela libertação do poder romano. Mas não é disso que Tiago está falando aqui. Essas palavras metafóricas são pesadas e mostram o nível das disputas entre os crentes por causas dos deleites, ou seja, os maus desejos interiores (v.2). Não se trata aqui de debates teológicos entre os mestres. A expressão “guerras e pelejas” refere-se às discussões acirradas sobre “o meu e o teu”, e isso é muito grave.
          O contexto social nos dias dos apóstolos, consistia nos teatros, nos jogos e na devassidão. Entre as várias modalidades de teatro, havia entre os romanos o “ desnudamento das mimas” com gesto mímico da expressão corporal e da dança. Como o nome já diz, as bailarinas se apresentavam desnudas. Além disso, os jogos romanos eram por demais violentos para a piedade cristã e as olimpíadas daqueles dias eram festa pagã, em homenagem a Zeus.
          O termo “deleites” (vv. 1,3) é hedoné,* que aparece cinco vezes no Novo Testamento para descrever deleites ou prazeres ilícitos (Lc 8.14; Tt 3.3; Tg 4.1,3; 2 Pe 2.13). Originalmente significava o prazer experimentado pelo sentido do paladar, posteriormente por meio dos outros sentidos e da mente; no período helenista, o conceito se restringiu ao significado de “gozo sensual, deleite sexual”. É a procura indiscriminada do prazer. O hedonismo permeia o pensamento pós-moderno. Hoje, qualquer esforço disciplinado ou o mínimo de sacrifício para se atingir um objetivo são tratados com profundo desgosto.
          Tiago aponta três causas de conflito interno: desejo descontrolado (4: 1 b ) (v. 2, desejo não realizado  ), e desejo egoísta (vv 2. b – No Primeiro, Tiago diz claramente que a fonte de conflitos internos é prazeres. A partir do qual "hedonista" e "hedonismo" são derivados. Ela conota a gratificação de sensual, natural, desejos carnais. O hedonismo é o desejo pessoal descontrolada para cumprir toda paixão e capricho que promete satisfação sensual e prazer. O desejo de cumprir esses prazeres vem, é claro, do egoísmo, que se opõe a Deus e da Palavra de Deus.
          Na presente carta Tiago também fala sobre a Cobiça e inveja, sendo uma atitude de adultério por parte dos cristãos (v.2.v.4). A versão bíblica ARC (Almeida Revista e Corrigida) omite aqui o verbo “matar” que consta do texto grego: “Vocês cobiçam e nada têm; matam e sentem inveja” (Nova Almeida Atualizada). Esse homicídio não é literal; diz respeito ao ódio, que é como homicídio aos olhos de Deus (Mt 5.21,22; 1 Jo 3.15). A cobiça é o desejo excessivo de possuir o que pertence ao outro, e a inveja é um sentimento de tristeza e pesar pela felicidade e sucesso de outra pessoa. O cristão deve se contentar com o que tem (Lc 3.14; Fp 4.12; Hb 13.5). Cabe aqui ressaltar que esse ensino não é uma apologia à pobreza e à miséria, pois não é pecado desejar e buscar, de maneira lícita, tudo o que é útil à vida, desde que os nossos desejos sejam afinados com os de Deus.
          Tiago continua a linguagem metafórica usada desde o Antigo Testamento para descrever a apostasia de Israel e sua infidelidade a Javé, seu Deus. A infidelidade a Deus é em si mesma um adultério espiritual. A epistola  especifica um assunto que envolve homens e mulheres. Assim como a intimidade, o amor, a beleza, o gozo e a reciprocidade que o casamento proporciona, fazendo dele o símbolo da união e do relacionamento entre Cristo e a sua Igreja (2 Co 11.2; Ef 5.31-33; Ap 19.7). A antítese segue nessa mesma linha de pensamento, pois de igual modo a infidelidade de Israel, da Igreja ou de um cristão é chamada na Bíblia de adultério espiritual, ou prostituição e fornicação espiritual (Jr 3.8; Ez 16.32; Ap 2.20).
          Tiago, ao concluir esse verso com a mesma exortação que fez o apóstolo Pedro, inspirado por Levítico 11.44; 19.2; 20.7: “mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1.15,16). Tiago também apresenta a receita para resistir ao Inimigo. Ele mostra que o Espírito Santo está em nós (v.5), o que é confirmado em outras partes do Novo Testamento (1 Co 3.16; 6.19; Ef 2.22). Na verdade, o cristianismo é a única religião do planeta que tem o Espírito Santo (Jo 14.16,17). Assim, o Espírito Santo em nós não quer um coração dividido: “É com ciúme que por nós anseia o espírito, que ele fez habitar em nós?” (v.5, Nova Almeida Atualizada). Essa vantagem nos permite viver uma vida santa e resistir ao Inimigo. Nisso temos a ajuda de Deus, que “resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes” (v.6).
          Essa submissão e humildade a Deus é descrita de várias maneiras, como “resistir ao diabo” (v.7) e se aproximar de Deus; limpar as mãos,vós de duplo ânimo” (v.8). O duplo ânimo diz respeito aos crentes indecisos e divididos em suas decisões entre Deus e o mundo (Tg 1.8). Jesus disse que ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6.24). As mãos são instrumentos das ações e o símbolo de toda a conduta. Para que elas sejam limpas, é necessário primeiro um coração purificado (Sl 24.4; 1 Pe 1.22).
          Sentir as nossas misérias, lamentar, chorar, substituir o riso pelos lamentos, sentir angústia e nos humilhar diante de Deus (v.9). Essas exortações resultam em bênçãos, entre elas, a de que o Diabo fugirá de nós, e o Senhor nos “exaltará” (v.10). Trata-se de uma vitória completa em Cristo.
          Portanto Ninguém pode ser salvo sem submeter-se a Deus, de bom grado que vem sob a sua autoridade soberana como Senhor, para seguir a Sua vontade, não importa o quê. Submeter-se a Deus é obedecer a Sua Palavra a respeito de Cristo e da plenitude do "evangelho de Deus" ( Rom. 1: 1 ), bem como submeter-se a Jesus como Senhor e Deus ( Rom. 10: 9-10 ). Jesus disse: "Quem acha a sua vida a perderá, e quem perder a sua vida por minha causa a encontrará" ( Mat. 10:39 ), e "Quem não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo "( Lucas 14:27 ). Ao contrário do que é ensinado em alguns círculos evangélicos hoje, simplesmente não há tal coisa como confiar em Cristo como Salvador, sem ao mesmo tempo submeter-se a Ele como Senhor. Considerando que o crente era uma vez sob o domínio de Satanás, através de fé salvadora ele ansiosamente coloca-se sob o senhorio de Jesus Cristo. Considerando que ele era uma vez que o inimigo de Deus e escravo do pecado, ele é agora o súdito leal de seu Senhor e Mestre.
          Praticamente por definição, se submeter a Deus, o seu novo Senhor, é para resistir ao diabo, o seu antigo senhor.”Resistir” significa literalmente "estar contra", "para se opor." Não há meio termo, nem neutralidade. Esta carta deixa claro, "a amizade do mundo [o domínio de Satanás] é inimizade contra Deus, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." ( 4: 4 ; cf. 1 João 2:15 -17 ). Para ficar com o Senhor é deixar de praticar tudo pecaminosa e mundano que antigamente era atraente,e que nos corrompia, e escravizava.
          Provisão divina do Senhor exige uma resposta humana. Deus exige de nós ao chamado divino, a submissão, a resistência, a comunhão, a limpeza, a purificação, a seriedade e humildade.
          Portanto quem pertence a Cristo é dele e é um filho de Deus. Tal Salvação traz uma mudança de mestre, uma mudança de lealdade,  uma mudança de família e uma nova morada. A vida do crente é transformado de servir o diabo ao serviço de Deus, e de ser um escravo do pecado e de Satanás, para ser um escravo da justiça e de Deus ( Rom. 6: 16-22). Assim como o diabo deixou Jesus após as tentações no deserto ( Matt. 04:11 ), ele também vai fugir de todos aqueles que lhe resistir.
          Fontes bibliográficas: lições bíblicas –CPAD; JOHN MacArthur COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO; batalha espiritual-Esequias Soares- livro de apoio e comentário bíblico CBB.




Nenhum comentário:

Postar um comentário