LEITURA
BÍBLICA: Tiago 4.1-10
OBS: Leia primeiro o
texto bíblico para maior compreensão da literatura.
Refletir
“Guerras
externas vêm de guerras internas”
A Epístola de Tiago é o escrito mais antigo
do Novo Testamento e tem por objetivo evitar desentendimentos entre os
discípulos de Cristo. Segundo a maioria dos expositores bíblicos, a sua
composição não vai além do ano 45 d.C.
A
carta foi dirigida especificamente aos primeiros cristãos dispersos, de origem
judaica, pelo vasto império romano (Tg 1.1); e, de maneira geral, a todos os
crentes em Jesus em todos os lugares e em todas as épocas. Trata-se de um livro
prático, muito próximo do Sermão do Monte proferido por Jesus em Mateus 5 a 7 e
importantíssimo para a conduta do cristão.
O
conteúdo da epístola parece confirmar essa antiguidade, isso pelos aspectos
cristológicos praticamente ausentes. O nome de Jesus só aparece duas vezes nos
seus cinco capítulos (Tg 1.1; 2.1). Há pouco ensino doutrinário, pois a
assembléia dos discípulos era ainda tida como sinagoga: “Porque, se entrar na
sinagoga de vocês um homem” (Tg 2.2, Nova Almeida Atualizada). O termo “igreja”
aparece aqui (Tg 5.14), mas o emprego da palavra “sinagoga” como alternativa
mostra que Tiago vem de uma época em que os discípulos eram chamados de “o
movimento de Jesus”.
Ao
separar a fé das obras, Tiago enfatiza o cristianismo prático e nos dá munição
para resistir ao Inimigo e ao pecado. Tiago retoma o tema tratado no capítulo
anterior sobre a “amarga inveja e sentimento faccioso em vosso coração” (Tg
3.14), próprio de uma sabedoria “terrena, animal e diabólica” (Tg 3.15) e
presente na vida daqueles primeiros cristãos. Esses problemas vêm atravessando
os séculos e hoje não é diferente, pois o problema da natureza humana permanece
o mesmo. O ensino aqui está tratando do
caráter cristão que precisa ser afinado com o sentimento de Cristo.
Há
quem afirme que essas guerras e pelejas ( v.1 ),sejam uma referência às
disputas internas que havia entre os judeus de Jerusalém nos levantes contra
Roma. A população da Judéia estava dividida nessa época sobre a luta pela
libertação do poder romano. Mas não é disso que Tiago está falando aqui. Essas
palavras metafóricas são pesadas e mostram o nível das disputas entre os
crentes por causas dos deleites, ou seja, os maus desejos interiores (v.2). Não
se trata aqui de debates teológicos entre os mestres. A expressão “guerras e
pelejas” refere-se às discussões acirradas sobre “o meu e o teu”, e isso é
muito grave.
O
contexto social nos dias dos apóstolos, consistia nos teatros, nos jogos e na
devassidão. Entre as várias modalidades de teatro, havia entre os romanos o “
desnudamento das mimas” com gesto mímico da expressão corporal e da dança. Como
o nome já diz, as bailarinas se apresentavam desnudas. Além disso, os jogos
romanos eram por demais violentos para a piedade cristã e as olimpíadas
daqueles dias eram festa pagã, em homenagem a Zeus.
O
termo “deleites” (vv. 1,3) é hedoné,* que aparece cinco vezes no Novo
Testamento para descrever deleites ou prazeres ilícitos (Lc 8.14; Tt 3.3; Tg
4.1,3; 2 Pe 2.13). Originalmente significava o prazer experimentado pelo
sentido do paladar, posteriormente por meio dos outros sentidos e da mente; no
período helenista, o conceito se restringiu ao significado de “gozo sensual,
deleite sexual”. É a procura indiscriminada do prazer. O hedonismo permeia o
pensamento pós-moderno. Hoje, qualquer esforço disciplinado ou o mínimo de sacrifício
para se atingir um objetivo são tratados com profundo desgosto.
Tiago
aponta três causas de conflito interno: desejo
descontrolado (4: 1 b ) (v. 2, desejo
não realizado ), e desejo egoísta (vv 2. b – No Primeiro,
Tiago diz claramente que a fonte de conflitos internos é prazeres. A partir do
qual "hedonista" e "hedonismo" são derivados. Ela conota a
gratificação de sensual, natural, desejos carnais. O hedonismo é o desejo
pessoal descontrolada para cumprir toda paixão e capricho que promete satisfação
sensual e prazer. O desejo de cumprir
esses prazeres vem, é claro, do egoísmo, que se opõe a Deus e da Palavra de
Deus.
Na
presente carta Tiago também fala sobre a Cobiça e inveja, sendo uma atitude de
adultério por parte dos cristãos (v.2.v.4). A versão bíblica ARC (Almeida
Revista e Corrigida) omite aqui o verbo “matar” que consta do texto grego:
“Vocês cobiçam e nada têm; matam e sentem inveja” (Nova Almeida Atualizada).
Esse homicídio não é literal; diz respeito ao ódio, que é como homicídio aos
olhos de Deus (Mt 5.21,22; 1 Jo 3.15). A
cobiça é o desejo excessivo de possuir o que pertence ao outro, e a inveja é um
sentimento de tristeza e pesar pela felicidade e sucesso de outra pessoa. O
cristão deve se contentar com o que tem (Lc 3.14; Fp 4.12; Hb 13.5). Cabe aqui
ressaltar que esse ensino não é uma apologia à pobreza e à miséria, pois não é
pecado desejar e buscar, de maneira lícita, tudo o que é útil à vida, desde que
os nossos desejos sejam afinados com os de Deus.
Tiago
continua a linguagem metafórica usada desde o Antigo Testamento para descrever
a apostasia de Israel e sua infidelidade a Javé, seu Deus. A infidelidade a Deus é em si mesma um adultério espiritual. A
epistola especifica um assunto que
envolve homens e mulheres. Assim como a intimidade, o amor, a beleza, o gozo e
a reciprocidade que o casamento proporciona, fazendo dele o símbolo da união e
do relacionamento entre Cristo e a sua Igreja (2 Co 11.2; Ef 5.31-33; Ap 19.7).
A antítese segue nessa mesma linha de pensamento, pois de igual modo a
infidelidade de Israel, da Igreja ou de um cristão é chamada na Bíblia de
adultério espiritual, ou prostituição e fornicação espiritual (Jr 3.8; Ez
16.32; Ap 2.20).
Tiago,
ao concluir esse verso com a mesma exortação que fez o apóstolo Pedro,
inspirado por Levítico 11.44; 19.2; 20.7: “mas, como é santo aquele que vos
chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto
escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1.15,16). Tiago também apresenta
a receita para resistir ao Inimigo. Ele mostra que o Espírito Santo está em nós
(v.5), o que é confirmado em outras partes do Novo Testamento (1 Co 3.16; 6.19;
Ef 2.22). Na verdade, o cristianismo é a
única religião do planeta que tem o Espírito Santo (Jo 14.16,17). Assim, o
Espírito Santo em nós não quer um coração dividido: “É com ciúme que por nós
anseia o espírito, que ele fez habitar em nós?” (v.5, Nova Almeida Atualizada).
Essa vantagem nos permite viver uma vida santa e resistir ao Inimigo. Nisso
temos a ajuda de Deus, que “resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos
humildes” (v.6).
Essa
submissão e humildade a Deus é descrita de várias maneiras, como “resistir ao diabo” (v.7) e se aproximar de Deus; limpar as mãos, “vós de
duplo ânimo” (v.8). O duplo ânimo diz respeito aos crentes indecisos e
divididos em suas decisões entre Deus e o mundo (Tg 1.8). Jesus disse que
ninguém pode servir a dois senhores (Mt 6.24). As mãos são instrumentos das
ações e o símbolo de toda a conduta. Para que elas sejam limpas, é necessário
primeiro um coração purificado (Sl 24.4; 1 Pe 1.22).
Sentir
as nossas misérias, lamentar, chorar, substituir o riso pelos lamentos, sentir
angústia e nos humilhar diante de Deus (v.9). Essas exortações resultam em
bênçãos, entre elas, a de que o Diabo fugirá de nós, e o Senhor nos “exaltará”
(v.10). Trata-se de uma vitória completa em Cristo.
Portanto Ninguém pode ser salvo sem
submeter-se a Deus, de bom grado que vem sob a sua autoridade soberana como
Senhor, para seguir a Sua vontade, não importa o quê. Submeter-se a Deus é obedecer a Sua Palavra a respeito de Cristo e
da plenitude do "evangelho de Deus" ( Rom. 1: 1 ), bem como
submeter-se a Jesus como Senhor e Deus ( Rom. 10: 9-10 ). Jesus disse:
"Quem acha a sua vida a perderá, e quem perder a sua vida por minha causa
a encontrará" ( Mat. 10:39 ), e "Quem não carrega sua cruz e não me
segue não pode ser meu discípulo "( Lucas 14:27 ). Ao contrário do que é
ensinado em alguns círculos evangélicos hoje, simplesmente não há tal coisa
como confiar em Cristo como Salvador, sem ao mesmo tempo submeter-se a Ele como
Senhor. Considerando que o crente era uma vez sob o domínio de Satanás, através
de fé salvadora ele ansiosamente coloca-se sob o senhorio de Jesus Cristo.
Considerando que ele era uma vez que o inimigo de Deus e escravo do pecado, ele
é agora o súdito leal de seu Senhor e Mestre.
Praticamente
por definição, se submeter a Deus, o seu novo Senhor, é para resistir ao diabo,
o seu antigo senhor.”Resistir” significa literalmente "estar contra",
"para se opor." Não há meio termo, nem neutralidade. Esta carta deixa
claro, "a amizade do mundo [o domínio de Satanás] é inimizade contra Deus,
qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." ( 4:
4 ; cf. 1 João 2:15 -17 ). Para ficar
com o Senhor é deixar de praticar tudo pecaminosa e mundano que antigamente era
atraente,e que nos corrompia, e escravizava.
Provisão divina do Senhor exige uma
resposta humana. Deus exige de nós ao chamado divino, a submissão, a resistência, a comunhão, a
limpeza, a purificação, a seriedade e humildade.
Portanto quem pertence a Cristo é dele
e é um filho de Deus. Tal Salvação traz uma mudança de mestre, uma
mudança de lealdade, uma mudança de
família e uma nova morada. A vida do crente é transformado de servir o
diabo ao serviço de Deus, e de ser um escravo do pecado e de Satanás, para ser
um escravo da justiça e de Deus ( Rom. 6: 16-22). Assim como o diabo deixou
Jesus após as tentações no deserto ( Matt. 04:11 ), ele também vai fugir de todos
aqueles que lhe resistir.
Fontes
bibliográficas: lições bíblicas –CPAD; JOHN MacArthur COMENTÁRIO DO
NOVO TESTAMENTO; batalha espiritual-Esequias Soares- livro de apoio e
comentário bíblico CBB.
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