domingo, 7 de outubro de 2018

SOBRE A CURA DIVINA



             CREMOS, professamos e ensinamos que a cura divina é um ato da soberania, graça e misericórdia divina, que, através do poder do Espírito Santo, restaura física e/ou emocionalmente aqueles que demonstram fé em Jesus Cristo. Deus fez o homem um ser integral, formado por uma parte material e outra imaterial. A parte material, o corpo, é tão importante quanto a imaterial, a alma e o espírito. A Bíblia mostra que a obra redentora de Cristo incluiu também o corpo: “Gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23). A vontade de Deus é, portanto, curar tanto a alma como o corpo: “É ele que perdoa todas as tuas iniquidades e sara todas as tuas enfermidades” (Sl 103.3). Faz parte da natureza divina curar os enfermos, e Deus assim o faz para demonstrar o seu poder e amor pelos afligidos.
1.   A origem da enfermidade.
As Escrituras ensinam claramente que as doenças e a morte são resultantes da entrada do pecado no mundo: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm 5.12). As doenças e enfermidades existem como consequência da Queda e da desobediência humana. Há doenças que são consequências de um pecado específico; todavia, nem toda doença e enfermidade são decorrentes de um pecado pessoal. As Escrituras ensinam que existem doenças e enfermidades que são resultados da ação direta de Satanás e seus demônios, enquanto outras são apenas resultados de nossa condição humana pós-queda: “Não bebas mais água só, mas usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades” (1 Tm 5.23). A Bíblia ensina que Deus, na sua soberania, pode permitir a doença e, em situações específicas, usá-la como instrumento de correção.
2.   A cura divina na Antiga e Nova Aliança.
Deus prometeu curar o seu povo na Antiga Aliança. A cura fazia parte da aliança que Deus estabeleceu com seu povo Israel no Sinai: “Servireis ao SENHOR, vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e eu tirarei do meio de ti as enfermidades” (Êx 23.25). A obediência às exigências da aliança produzia cura, enquanto a não observância de seus preceitos trazia doenças. A lei da retribuição do pecado e suas consequências é uma realidade bem documentada na Antiga Aliança: “Eu dizia: SENHOR, tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti” (Sl 41.4). Todavia, nem sempre as doenças e as curas na Antiga Aliança estão condicionadas ao princípio de causa e efeito. Como exemplo, a doença de Jó e o consequente sofrimento não ocorreram em razão de seu pecado pessoal, mas, sim, da maldade de Satanás contra ele e contra Deus. No Novo Testamento, as curas e os milagres de ressurreição de mortos efetuados por Jesus faziam parte da sua revelação messiânica, da demonstração da sua compaixão pelos doentes e da manifestação da vinda do Reino de Deus. A expressão “Reino de Deus” deve ser entendida como sendo o domínio de Deus. A vinda do Reino de Deus proveu tanto o bem-estar espiritual como o físico: “E logo se lhe secou a fonte de sangue, e sentiu no corpo estar já curada daquele mal” (Mc 5.29). Ao curar os enfermos e ressuscitar os mortos, Jesus demonstrava que o Reino de Deus havia chegado: “e enviou-os a pregar o Reino de Deus e curar os enfermos” (Lc 9.2); “e falava-lhes do Reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura” (Lc 9.11).
3.   A cura divina e a expiação.
As Escrituras revelam que a cura divina é um dos benefícios da obra expiatória e redentora de Cristo. Ele proveu na cruz tanto a salvação da alma quanto a cura do corpo: “ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si [...] pelas suas pisaduras, fomos sarados” (Is 53.4,5). Essa palavra profética foi cumprida em Jesus, o qual demonstrou que a cura divina faz parte da provisão que Deus deixou para seus filhos: “Então, chegou ela e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me. Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar o pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos” (Mt 15.25,26).
4.   A oração pelos enfermos e a cura divina nos dias atuais.
A oração em favor dos enfermos é uma prática presente tanto no Antigo como no Novo Testamento. A primeira oração de cura  registrada no Antigo Testamento é feita por Abraão: “E orou Abraão a Deus, e sarou Deus a Abimeleque, e a sua mulher, e as suas servas, de maneira que tiveram filhos” (Gn 20.17). Moisés orou pela cura de Miriã, sua irmã: “E eis que Miriã era leprosa; e olhou Arão para Miriã, e eis que era leprosa [...] Clamou, pois, Moisés ao SENHOR, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures” (Nm 12.10,13). Naamã, o siro, foi curado de sua lepra pelo ministério do profeta Eliseu. O Novo Testamento registra que a oração em favor dos enfermos era uma prática constante na Igreja Primitiva. Visando o bem-estar espiritual e físico do seu povo, Deus equipou a Igreja com os dons de curar: “e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar” (1 Co 12.9); “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor, e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará” (Tg 5.14,15). A oração pelos enfermos não entra em conflito com o tratamento médico. O rei Ezequias foi curado de uma úlcera após ter uma pasta de figos posta sobre a sua enfermidade: “E dissera Isaías: Tomem uma pasta de figos e a ponham como emplasto sobre a chaga; e sarará” (Is 38.21). O Senhor Jesus reconheceu o valor dos médicos: “Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes” (Mt 9.12). Paulo, o apóstolo, aconselhou Timóteo a beber vinho com fins terapêuticos e tinha entre seus colaboradores um médico: “Saúda-vos Lucas, o médico amado” (Cl 4.14).
5.   A unção com óleo.
A ministração da unção com óleo sobre os enfermos é uma doutrina do Novo Testamento ensinada e incentivada como prática de fé para os crentes: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor” (Tg 5.14). A unção sobre os enfermos era um ritual comum nos tempos bíblicos do Novo Testamento. Os discípulos usavam a unção com óleo desde os dias do ministério terreno de Jesus: “e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam” (Mc 6.13). A ênfase, entretanto, não está no azeite, mas, sim, na oração da fé, que salva o doente. A única unção estabelecida como prática na igreja foi a unção com óleo, ministrada somente sobre os enfermos. Essa é uma prática exercida nos moldes do Novo Testamento, sendo, portanto, efetuada somente pelos que exercem a liderança da igreja. Entre nós, é praticada por presbíteros, evangelistas e pastores.

Bibliografia: Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil Casa Publicadora das Assembleias de Deus Declaração de Fé Novembro/2016.


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