domingo, 30 de setembro de 2018

SOBRE OS DONS DO ESPÍRITO SANTO



         CREMOS, professamos e ensinamos que os dons do Espírito Santo são atuais e presentes na vida da Igreja. O batismo no Espírito Santo é um dom: “e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38) e é para todos os crentes: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39); mas os dons do Espírito Santo, ou “espirituais” na linguagem paulina: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1 Co 12.1) são restritos. Esses dons são capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1 Co 12.7). São recursos sobrenaturais do Espírito Santo operados por meio dos seres humanos, os crentes em Jesus, enquanto a Igreja estiver na terra, pois, no Céu, não precisaremos mais deles. É por meio da Igreja que o Espírito Santo manifesta ao mundo o poder de Deus, usando os dons espirituais. Eles são dados à Igreja para sua edificação espiritual, seu conforto e seu crescimento espiritual. Os dons espirituais são vários, e nenhuma lista deles no Novo Testamento pretende ser exaustiva; e nem mesmo existe a expressão “estes sãos os dons espirituais”. Em Romanos, aparece uma lista deles, mas não são os mesmos da lista dos nove dons, exceto o dom de profecia, que aparece em ambas as listas. Há outra lista que repete os dons de variedade de línguas e os dons de curar.
1.  As diversidades.
 São três as classes de manifestações dos dons espirituais: diversidade de dons, diversidade de ministérios e diversidade de operações. A diversidade de dons tem sua origem no Espírito Santo: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (1 Co 12.4). A diversidade de ministérios ou serviços tem sua fonte no Senhor Jesus: “E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo” (1 Co 12.5); e as operações ou atividades vêm de Deus: “E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” (1 Co 12.6). O termo “Deus” vem em grego acompanhado do artigo que mostra ser uma referência a Deus Pai. Cada pessoa da Trindade desempenha um papel essencial na manifestação dos dons. É uma diversidade na unidade, assim como adoramos um só Deus em trindade e trindade em unidade. Os termos “dons”, “ministérios” e “operações” estão associados a cada pessoa da Trindade; contudo, é o Espírito Santo quem opera todas as coisas: “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Co 12.11).
2.  A distribuição dos dons.
Os dons espirituais são poderes sobrenaturais do Espírito para que a Igreja atue como um todo no mundo; são concessões da graça do Espírito conforme a medida da fé de cada um: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé” (Rm 12.6). Os dons são distribuídos pelo Espírito para o perfeito funcionamento da Igreja, que é o corpo espiritual de Cristo: “Ora, vós sois o corpo de Cristo e seus membros em particular” (1 Co 12.27). Na diversidade, cada dom é concedido para o que for útil. Eles não são atestados pessoais de santidade que induzem as pessoas a acreditar que são mais santas ou mais espirituais que outras; também não transformam as pessoas em superespirituais, nem as tornam melhores ou superiores a outros crentes; não são para exibição ou superioridade particular no seio da Igreja, mas são para a glória de Deus. Nenhum dom individualiza qualquer crente, porque o mérito será sempre do Senhor. Os dons fortalecem a unidade da Igreja, promovendo a comunhão dos membros do corpo de Cristo: “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também” (1 Co 12.12). O corpo humano possui muitos membros, todos eles indispensáveis para o seu perfeito funcionamento. Cada cristão é parte integrante da Igreja e tem uma função a realizar. Nenhum membro tem utilidade fora do corpo. Cremos que um membro não se isola no corpo, mas faz parte de uma multiplicidade que o torna indispensável.
3.  A palavra da sabedoria e a palavra da ciência.
 A lista em 1 Coríntios 12.8-10 começa com esses dons: “Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo  Espírito, a palavra da ciência” (1 Co 12.8). O dom da sabedoria é um recurso extraordinário proveniente do Espírito Santo, cuja finalidade é a solução de problemas igualmente extraordinários. Como dom espiritual, é uma espécie de sabedoria dada por Deus. É a capacitação do Espírito Santo na vida da Igreja para orientação e conselho aos crentes sobre dificuldades, cuja solução está fora do seu alcance no dia-a-dia da igreja, no trato com as pessoas descrentes  e na pregação do evangelho. A palavra do conhecimento ou da ciência diz respeito ao conhecimento das coisas de Deus. Esse dom consiste em uma ciência manifestada unicamente pelo Espírito Santo: “como me foi este mistério manifestado” (Ef 3.3), pelo qual podemos saber, compreender e, assim, conhecer  aquilo que, pelo entendimento humano, jamais poderíamos alcançar.
4.  A fé e os dons de curar.
Em seguida, aparecem mais dois dons: “e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar” (1 Co 12.9). O dom da fé distingue-se da fé salvíficae da fé como o fruto do Espírito; trata-se de uma fé especial usada num momento específico. Quanto aos dons de curas, são manifestações do poder do Espírito Santo que operam de maneira multiforme para cura de doenças e enfermidades do corpo, da alma ou psicossomáticas, sempre concedidas pelo Espírito Santo à pessoa que irá ministrá-la, pois é Deus quem cura e somente a Ele pertence a glória.
5.  Os outros dons.
 A lista chega ao seu fim com os seguintes dons: “e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas” (1 Co 12.10). A expressão “operação de maravilhas” está no plural em grego e significa “obras poderosas” ou “de poder”, o que sugere grande variedade de milagres. O milagre já é, em si mesmo, a intervenção divina na ordem natural das coisas, mas aqui diz respeito a sinais poderosos e extraordinários. O dom de profecia é diferente da profecia anunciada pelos profetas do Antigo Testamento. A revelação canônica já se encerrou, mas Deus continua a falar por meio da Bíblia. O Senhor proveu outros recursos por meio dos quais se comunica com os seres humanos, dentre eles o dom de profecia, como manifestação momentânea do Espírito Santo na vida de qualquer crente batizado no Espírito Santo. O seu objetivo é a “edificação, exortação e consolação” (1 Co 14.3). Por meio desse dom, o Senhor continua comunicando-se com seus servos e servas de forma individual, mas a profecia decorrente do dom não serve de fonte de autoridade, como a dos profetas e dos apóstolos bíblicos, pois é possível alguém ampliar a mensagem sem autorização do Espírito, sendo, inclusive, passível de julgamento: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem” (1 Co 14.29); “E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Co 14.32). O dom de discernir os espíritos é um recurso do Espírito Santo contra as falsificações dos demônios. A expressão “discernir os espíritos” está no plural em grego, como acontece com os dons de curar e de operação de maravilhas, pois esse dom pode manifestar-se de várias maneiras. A essência das línguas como evidência inicial do batismo no Espírito Santo é a mesma do dom de variedade de línguas. A diferença entre dom e sinal está na função. A variedade de línguas é manifestada na oração particular para edificar o crente individualmente; na oração pública, a edificação é geral; nesse caso, há necessidade do dom de interpretação de línguas.

Bibliografia: Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil Casa Publicadora das Assembleias de Deus Declaração de Fé Novembro/2016.

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