CREMOS, professamos e ensinamos que os
Dez Mandamentos são preceitos dados por Deus a Moisés para orientar a vida do
povo de Israel. Os Dez Mandamentos são
chamados também de “Decálogo”. São oito proibições e duas ordens que, em
hebraico, recebem a denominação de “as dez palavras”. A Septuaginta, antiga
versão grega do Antigo Testamento, emprega o termo decálogo, “decálogo, dez
palavras”. A fórmula introdutória do Decálogo tem característica única: “Então,
falou Deus todas estas palavras, dizendo [...]” (Êx 20.1). O termo só aparece três vezes na Bíblia e é traduzido em
nossas versões por “dez mandamentos”: “[...] e escreveu nas tábuas as palavras
do concerto, os dez mandamentos” (Êx
34.28); “Então, vos anunciou ele o seu concerto, que vos prescreveu, os dez
mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra” (Dt 4.13); “Então, escreveu o SENHOR nas tábuas, conforme a
primeira escritura, os dez mandamentos” (Dt
10.4). Somente a Versão Almeida Atualizada usa a expressão “as dez
palavras”, mas apenas em Êxodo 34.28:
“[...] e escreveu nas tábuas as palavras do concerto, as dez palavras”. O
sentido de “palavra” na Bíblia é amplo; indica a comunicação de um conteúdo
completo e também o portador linguístico de um significado. O seu uso como
“mandamento, discurso, pronunciamento, proposição” é legítimo, mas é só no Novo
Testamento que cinco dessas palavras são chamadas de mandamentos e estão
listadas fora da sequência canônica: “Sabes os mandamentos: Não adulterarás,
não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua
mãe” (Lc 18.20). Após a Septuaginta,
o termo “decálogo” só aparece no período da Patrística e, depois disso, o
vocábulo tornou-se popular entre os cristãos.
1. Os Dez Mandamentos.
As dez palavras estão
esboçadas somente em dois lugares nas Escrituras Sagradas: em Êxodo 20.1-17 e em Deuteronômio 5.6-21 – Não terás outros deuses,1 2 – Não farás para
ti imagem de escultura [...] não te encurvarás a elas,2 3 – Não tomarás o nome
do SENHOR, teu Deus, em vão,3 4 – lembra-te do dia do sábado, para o
santificar,4 5 – Honra a teu pai e a tua mãe,5 6 – Não matarás,6 7 – Não
adulterarás,7 8 – Não furtarás,8 9 – Não dirás falso testemunho contra o teu
próximo,9 10 – Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do
teu próximo [...].Essas dez palavras foram escritas em duas tábuas de pedra
pelo próprio Deus. Os três primeiros
mandamentos dizem respeito ao nosso relacionamento com Deus. O propósito do
quarto mandamento, o sábado, é duplo, social e espiritual. O aspecto social é
cessar os trabalhos a cada seis dias de labor e dar descanso aos seres humanos
e aos animais. Já o aspecto espiritual é dedicar um dia na semana para adoração
a Deus, meditação e contemplação das obras do Criador. Os outros seis
mandamentos dizem respeito ao nosso relacionamento com o próximo. A estrutura dos Dez Mandamentos resume-se
no amor a Deus e ao próximo, diz respeito a Deus e à sociedade e envolve
pensamento, palavras e obras. Ensinamos, pois, que não somente o Decálogo, mas
também todo o sistema mosaico, é sumariado nos dois grandes mandamentos:
“Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda
a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento.
O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes
dois mandamentos dependem toda a lei e os Profetas” (Mt 22.37-40).
2. Significado e propósito dos três primeiros mandamentos.
Cremos e ensinamos
que não somos salvos por observarmos e guardarmos os mandamentos. Somos salvos
pela graça por meio da fé. Esses
preceitos foram dados como orientação para uma vida próspera e abençoada.
Essa é a vontade de Deus. O primeiro mandamento do Decálogo, “Não terás outros
deuses diante de mim”, é muito mais que uma apologia ao monoteísmo; trata-se,
também, da soberania de um Deus que remiu Israel da escravidão do Egito. O
pensamento principal desse mandamento abrange a singularidade e a exclusividade
de Deus, sendo aplicado a todos nós, pois Deus tem o primeiro lugar em nossa
vida: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás” (Mt 4.10). O segundo mandamento, “Não farás para ti imagem de
escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na
terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as
servirás; porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso”, ensina-nos a adorar
a Deus diretamente, sem mediação de nenhum objeto, porque “Deus é Espírito” (Jo 4.24). O seu enfoque é o
compromisso com o único Deus verdadeiro,
afastando dos ídolos e da idolatria os filhos de Israel. Nós repudiamos toda a
forma de idolatria. O terceiro mandamento: “Não tomarás o nome do SENHOR, teu
Deus, em vão” significa não usar o nome de Deus de forma superficial, em
conversas triviais, nem faltar com a verdade em seu nome, como ao pronunciar um
juramento falso ou fazer um voto e não o cumprir. O Senhor Jesus fez menção do
terceiro mandamento quando falou contra o perjúrio.
3. O sábado.
A guarda do sábado é o único preceito do
Decálogo não repetido no Novo Testamento para ser observado pelo cristão:
“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias
de festa, ou da lua nova, ou dos sábados” (Cl
2.16). O sábado é um preceito
cerimonial, pois é colocado no mesmo nível do ritual do templo. Os
sacerdotes podiam violar o sábado e ficar sem culpa. De igual modo, o sábado é
posto em pé de igualdade com os preceitos dietéticos. O domingo, termo que
significa “dia do Senhor”, pois, nesse dia, o Senhor Jesus ressuscitou dentre
os mortos. O primeiro culto cristão aconteceu no domingo: “Chegada, pois, a
tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os
discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no
meio, e disse-lhes: Paz seja convosco!” (Jo
20.19). Esse dia foi instituído sem decreto e sem norma legal como o dia de
culto pelos primeiros cristãos desde os dias apostólicos: “No primeiro dia da
semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de
partir no dia seguinte, falava com eles; e alargou a prática até à meia-noite” (At 20.7). Por essa razão, nós estamos
desobrigados do quarto mandamento.
4. O propósito do quinto mandamento.
A segunda parte dos
Dez Mandamentos começa com o quinto mandamento, “Honra a teu pai e a tua mãe,
para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá”.
Honrar pai e mãe vai além da simples obediência; implica amar e respeitar de
forma elevada, demonstrando espírito de consideração e submissão. O Senhor
Jesus disse que foi o próprio Deus que ordenou esse mandamento: “Porque Deus
ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe” (Mt 15.4); e Ele mesmo obedecia ao seu pai adotivo, José, e a
Maria, sua mãe: “E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito” (Lc 2.51).
5. Os mandamentos expressos em duas palavras.
O sexto mandamento, “Não matarás”, significa
“não assassinar”. Por esse mandamento, Deus proíbe o assassinato e busca
proteger a vida. O direito à vida é um bem pessoal e inalienável; sua
preservação e proteção fazem parte de nossa responsabilidade como
administradores da vida. O sétimo mandamento, “Não adulterarás”, condena o
adultério e a impureza sexual. O
objetivo dele é proteger a família. Diz respeito à pureza sexual e à
proteção da sagrada instituição da família. É o compromisso de fidelidade entre
marido e mulher. Quando o Senhor Jesus citou o sétimo mandamento no Sermão do
Monte, “não cometerás adultério” (Mt
5.27), Ele foi mais além e disse: “Eu porém, vos digo que qualquer que
atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela”
(Mt 5.28). O ensino de Jesus é que o
olhar, o pensamento ou a imaginação de cobiça são igualmente condenáveis assim
como o é o ato consumado. Ele disse que os adultérios procedem do coração
humano. A Bíblia não condena o sexo, cuja santidade é inquestionável dentro do
padrão divino: o casamento entre um só homem e uma só mulher. Sua prática
ilícita, no entanto, tem sido um dos maiores problemas do ser humano ao longo
dos séculos. O oitavo mandamento, “Não furtarás”, diz respeito à proteção da
propriedade e abrange tanto o furto como outras práticas fraudulentas sobre as
quais vigiamos para não cairmos nas ciladas do Diabo. Refere-se a qualquer negócio
com vantagem ilícita e que deixa o outro no prejuízo. Vinculado a esse
mandamento, está o trabalho como recurso para que cada um possa obter o
sustento de sua família de maneira digna.
6. Os dois últimos mandamentos.
O nono mandamento,
“Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” proíbe a mentira, o mexerico
e o testemunho falso contra o próximo, tanto no dia a dia como nos tribunais.
Trata-se da proteção da honra e da boa reputação no campo social. O propósito
divino nesse mandamento é combater a mentira, a calúnia e a falsidade entre o
povo. E não somente isso, mas também promover o bem-estar e a fraternidade
entre os seres humanos. O décimo 88 mandamento, “Não cobiçarás a casa do teu
próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua
serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”,
encerra o Decálogo. A cobiça é a raiz da
qual surge todo o pecado contra o próximo, tanto em pensamento como na prática.
O propósito divino, aqui, é proteger o seu povo das ambições erradas. A cobiça
infecta pobres e rica nas suas mais diversas formas.
7. O Decálogo e a Lei de Deus.
Cremos e declaramos que o Decálogo em si mesmo não é a
Lei de Deus, e sim parte dela. A Lei foi escrita num livro, e não em tábuas de
pedra: “porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as
coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gl 3.10); ela não se reveste
de uma inspiração especial, pois “Toda a Escritura é inspirada por Deus” (2 Tm 3.16 – ARA); assim, não existe um
texto bíblico mais inspirado do que outro. Os Dez Mandamentos não são
mencionados textualmente no Novo Testamento como em Êxodo 20 e Deuteronômio 5.
Aparecem quatro listas parciais com cinco desses preceitos. Três dessas listas
constam nos evangelhos sinóticos, nas passagens paralelas do diálogo entre o
moço rico e o Senhor Jesus em Mateus,30 em Marcos31 e em Lucas. 32 Há, ainda,
outra lista parcial com quatro preceitos em Romanos. Em todas essas listas, os
mandamentos não aparecem na sequência canônica. Na lista de Mateus, é acrescido
do resumo da segunda parte do Decálogo “amarás o teu próximo como a ti mesmo”,
que é uma citação de Levítico 19.18,
e, na lista de Marcos, consta ainda: “não defraudarás alguém”.
Referência: Convenção
Geral das Assembleias de Deus no Brasil Casa Publicadora das Assembleias de
Deus Declaração de Fé Novembro/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário