CREMOS,
professamos e ensinamos que a Lei de Moisés ou Lei do Senhor é de origem
divina. As expressões “Lei de Deus”, “Lei do Senhor” e “Lei de Moisés” dizem
respeito a uma mesma coisa.A Lei de Moisés é o mais importante código de leis
da antiguidade por sua santidade, por seu caráter espiritual e por sua
autoridade divina: “a lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom [...] a
lei é espiritual” (Rm 7.12,14). Ela
foi dada por Deus aos israelitas por meio de Moisés, o grande legislador do
povo hebreu: “Porque a lei foi dada por Moisés” (Jo 1.17). Sua grandeza, porém, vai além de tudo isso, pois nela,
Deus esboça o plano da redenção humana em Cristo: “Porque o fim da lei é Cristo
para a justiça de todo aquele que crê” (Rm
10.4). A Lei é constituída de cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levítico,
Números e Deuteronômio. Seus preceitos jurídicos e suas narrativas históricas
são de natureza profética, com significados espirituais profundos e aplicações
teológicas no Novo Testamento.
1.
Preceitos morais,
cerimoniais e civis.
A chamada
lei moral, lei cerimonial e lei civil são, na verdade, três partes de uma mesma
lei que o Senhor Jesus já cumpriu na sua totalidade: “Não cuideis que vim
destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir” (Mt 5.17). Os preceitos morais são os que tratam dos princípios básicos morais
sem concessão, válidos para todos os povos, e em todas as épocas, e em todos os
lugares. A lei cerimonial é a parte
que trata das festividades religiosas, do sistema de sacrifício e da adoração
no santuário, dos alimentos limpos e imundos e das instruções sobre a pureza
ritual, entre outros preceitos. A lei
civil diz respeito à responsabilidade do israelita como cidadão; eram
regulamentos jurídicos e instruções que regiam a nação de Israel. Essa visão
tripartida da lei é didática e surgiu na Idade Média. Todos esses tipos de
preceitos aparecem na Bíblia como a Lei de Moisés; porém, sem classificação
específica, tudo é a Lei de Moisés.
2.
A função da lei.
A Lei é
chamada de Torá no Antigo Testamento hebraico e pelos judeus ainda hoje; o
termo Torá basicamente significa “instrução, ensino, lei”; contudo, a palavra
mais usual entre os cristãos é Pentateuco, termo grego que literalmente
significa “cinco estojos de levar rolos de papiros” e que foi aplicado aos
cinco livros de Moisés pelos judeus de Alexandria a partir do primeiro século
d.C.. A Lei foi dada por Moisés aos filhos de Israel no Monte Sinai como
instrução de Deus para o seu povo Israel e também como guia para o bem-estar de
toda a nação: “Esta é, pois, a lei que Moisés propôs aos filhos de Israel” (Dt 4.44). Temos na Lei de Moisés a base e a estrutura social e política do
Estado. O papel dos profetas do Antigo Testamento como porta-vozes de Deus
e intérpretes da lei era o de conscientizar o povo do seu compromisso assumido
no Sinai, colocando em prática a aliança feita com os seus antepassados. A
formação social e cultural de Israel e a sua grande influência entre todos os
povos da terra devem-se à pregação e aos escritos desses profetas que o
cristianismo difundiu por todo o mundo.
3.
A lei e a fé cristã.
A lei não salva nem é essa a sua função. Ninguém é
justificado pelas obras da lei: “o homem não é justificado pelas obras da lei” (Gl 2.16). Sua função é revelar o pecado no ser humano para nos conduzir a Cristo:
“a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé,
fôssemos justificados” (Gl 3.24). A lei é como o resultado de um exame, que
mostra a enfermidade e, com base no qual, o médico indica o medicamento para a
cura — o sangue do Cordeiro Imaculado que tira o pecado do mundo: “Nenhuma
carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o
conhecimento do pecado” (Rm 3.20). A
lei não podia ajudar o israelita a
praticar a justiça, pois ela, como um termômetro que mede a temperatura, sem
gerar, porém, calor ou frio, apenas mensurava a justiça e a injustiça, mas não
ajudava ninguém a se tornar justo ou injusto.
4.
A lei e a graça.
Entendemos
que a lei diz: “faça e viva” ; a
graça, no entanto, diz: “viva e faça”.
Não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça. Isso significa que não somos
controlados pela lei, mas, sim, pela graça: “Mas, se sois guiados pelo
Espírito, não estais debaixo da lei” (Gl
5.18). Nossa obediência não é mais ao estilo da lei escrita; agora, estamos
livres para servir a Deus na direção do Espírito Santo: “estamos livres da lei,
pois morremos para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de
espírito, e não na velhice da letra” (Rm
7.6). Apesar de estarmos libertos da lei, essa liberdade significa que
estamos livres para servir, e não para pecar, pois agora somos servos de
Cristo, e não da lei. Assim sendo, servimos a Jesus e somos guiados pelo
Espírito na obediência.
5.
A transitoriedade da
lei.
O Senhor
Jesus cumpriu toda a lei, os preceitos morais, cerimoniais e civis: “Não
cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.
Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou
um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido” (Mt 5.17,18). A lei durará enquanto durar o universo, mas Jesus a
cumpriu para efetuar uma mudança: “Porque, mudando-se o sacerdócio,
necessariamente se faz também mudança da lei” (Hb 7.12). A função da lei era transitória; ela foi dada por causa
do pecado até a vinda do Messias e serviu para nos conduzir a Cristo: “Mas,
depois que a fé veio, já não estamos debaixo de aio” (Gl 3.25). Nesse sentido, todo o sistema mosaico foi abolido. No
entanto, a verdade moral contida na lei foi resgatada sob a graça e adaptada a
ela.
Bibliografia:
Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil Casa Publicadora das
Assembleias de Deus Declaração de Fé Novembro/2016
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