segunda-feira, 6 de abril de 2020

7 - O Transtorno Depressivo Maior (TDM) ou Depressão Maior




É o que chamamos comumente de “depressão”. Trata-se de um distúrbio cerebral caracterizado por desregulação conjunta de áreas relacionadas ao humor, energia, impulsos (vontade/iniciativa), prazer, funções neurovegetativas (sono, apetite, libido e dor) e de funções cognitivas (pensamento, memória, atenção e funções executivas), em maior ou menor grau.

A desregulação da função cerebral do humor está sempre presente, embora nem sempre o humor seja melancólico (tristeza, choro, culpa, sentir-se inútil e sem esperanças) e muitas vezes são apáticas (indiferença, perda de atratividade pelo meio).

A alteração do humor na depressão maior produz um estado de humor distinto do normal
do indivíduo. É possível perceber uma alteração no temperamento, o humor relacionado à personalidade, que é constante e que na depressão maior se torna alterado.

Além disso, os sintomas são suficientemente graves a ponto de atrapalhar pelo menos de alguma maneira o dia-a-dia da pessoa e trazer sofrimento. Embora possa ocorrer em episódio único, isto é, a pessoa ter uma depressão, se tratar e ficar curada, geralmente evolui para uma condição recorrente, isto é, com novos episódios de depressão futuros.

Muitas vezes o tratamento inadequado no primeiro episódio de depressão é o fator que leva a cronificação da doença e a sua alta recorrência. A ocorrência de depressão maior ao longo da vida é da ordem de 20% na população geral, isto é, 1/5 da população total do planeta vai experimentar algum grau de episódio depressivo ao longo da vida e as estatísticas são semelhantes mesmo mudando de país, pois é uma doença de ocorrência universal.

Geralmente tem início após os 30 anos de idade sendo que episódios depressivos que se iniciam muito cedo (infância e adolescência) devem levantar a hipótese de depressão em
outras doenças (transtorno bipolar, transtornos
de personalidade, etc).

Ocorre cerca de 3 a 4 vezes mais frequentemente em mulheres do que em homens devido a fatores hormonais. A herança
genética ocorre em 60%, isto é, a chance de um parente de primeiro grau acometido doar os
genes para sucessores é desta ordem, o que não significa que a doença vá se expressar porque muitas vezes transtornos do humor necessitam de gatilhos ambientais e psicológicos para o início da apresentação clínica.

Entre 80% e 90% dos pacientes com esse diagnóstico podem ser eficazmente tratados e
retornam à sua vida normal. O risco de suicídio da depressão maior é cerca de metade (7%) do risco na depressão com bipolaridade (15%).

O diagnóstico de transtorno depressivo maior é
clínico, isto é, a partir de um conjunto de sinais e sintomas que se agrupam de maneira semelhante nas pessoas acometidas pela mesma doença. É importante se descartar outras doenças físicas (hormonais, hematológicas, reumatológicas, neurológicas, etc) e uso de substâncias (medicamentos ou drogas) que podem causar secundariamente depressão.

Os sintomas devem estar presentes continuamente ou na maior parte do tempo por pelo menos 2 semanas, de maneira diferente do funcionamento habitual da pessoa e causando um impacto significativo no convívio
social, no trabalho ou em outras áreas importantes da vida (observação: os sintomas 1 e/ou 2 são obrigatórios):
• Humor deprimido (melancólico ou apático) na
maior parte do dia, quase todos os dias;
• Interesse ou prazer marcadamente diminuídos em relação a todas ou quase todas as atividades, quase todos os dias;
• Perda ou ganho de peso significativo;
• Insônia ou sono excessivo quase todos os dias;
• Lentificação motora quase todos os dias;
• Fadiga ou perda de energia quase todos os dias;
• Sentir-se sem valor ou com culpa excessiva, quase todos os dias;
• Habilidade reduzida de pensar ou se concentrar, quase todos os dias;
•Pensamentos recorrentes sobre morte, pensamentos suicidas sem um plano, tentativa de suicídio ou plano para cometer suicídio.

Casos leves de depressão podem ser tratados
exclusivamente com psicoterapia ou com mudança de estilo de vida como hábitos saudáveis, alimentação sem oxidantes, exercícios físicos aeróbicos, sono adequado e controle do estresse.

Casos moderados ou graves de depressão são
de tratamento farmacológico obrigatório. Apenas 30% dos pacientes vão responder ao primeiro antidepressivo utilizado. Dessa maneira, é importante que se saiba que o tratamento possa necessitar de trocas e ajustes. Além disso, as doses precisam ser ajustadas a cada 2 semanas até uma dose máxima tolerada pelo paciente para melhor eficácia.

Casos graves e resistentes de depressão devem ser tratados com eletroconvulsoterapia
(ECT) vulgarmente conhecido como “eletrochoque” que é um procedimento realizado sob anestesia e em centro cirúrgico, altamente eficaz em quadros graves.

Terapias associadas como acupuntura podem
ajudar a aliviar os sintomas das formas mais leves de depressão. Apenas as psicoterapias cognitivas comportamentais apresentam evidência científica de funcionar no tratamento da depressão.

Dessa forma, antes de busca algum tratamento alternativo é importante buscar informações sobre a eficácia do tratamento visto que o risco de resistência ao tratamento aumenta conforme o tratamento seja postergado com técnica não aprovadas.
Portanto, o paciente deve consultar outro médico antes de confiar totalmente em um tratamento alternativo.

Referência: Tabela periódica dos transtornos emocionais (vittude).


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