Introdução
CREMOS,
professamos e ensinamos que a morte e a ressurreição corporal de Cristo são a
viga mestra e o pilar da fé cristã. Esses eventos distinguem o cristianismo de
todas as religiões do mundo, pois o seu fundador continua vivo e vive para
sempre: “Não temas; eu sou o Primeiro e o Último e o que vive; fui morto, mas
eis aqui estou vivo para todo o sempre” (Ap 1.17,18). Sem a sua morte, não
haveria redenção: “E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna
salvação para todos os que lhe obedecem” (Hb 5.9). Sem a ressurreição, não
haveria esperança para a humanidade: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a
vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em
Cristo estão perdidos” (1 Co 15.17,18). As obras de Cristo são amplas, mas aqui
focamos em sua morte, ressurreição,
ascensão ao céu e também nas implicações teológicas de sua morte expiatória
e vicária em favor de todos os pecadores.
1.
A
morte de Jesus.
Não se trata apenas da
morte de um justo, mas também de um sacrifício como oblação pelos nossos
pecados, que Deus propôs e recebeu como propiciação pelas nossas ofensas. O
aspecto histórico está nos evangelhos; o doutrinário, em Atos, nas epístolas e
em Apocalipse. O primeiro anúncio da vinda do Messias já previa a sua morte:
“esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Isso fala
sobre seu sofrimento e, também, sobre sua glória. Os detalhes são revelados
progressivamente no transcorrer do tempo. O sofrimento e a morte de Jesus foram
anunciados de antemão no Antigo Testamento por figuras e tipos, a começar pelo
ritual do tabernáculo e, de maneira direta, pelos profetas. O Novo Testamento
ressalta o cumprimento dessas profecias.
2. A morte vicária.
Morte vicária significa morte substitutiva.
Todo o sistema sacrificial do Antigo Testamento fundamenta-se na ideia de
substituição, e essa transferência da culpa do pecador para a vítima é
simbolizada pela imposição de mãos sobre a cabeça do animal: “E porá a sua mão
sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito por ele, para a sua
expiação” (Lv 1.4). A descrição do cordeiro da Páscoa, desde o êxodo do Egito,
aponta para Cristo e o seu sacrifício: “não levarás daquela carne fora da casa,
nem dela quebrareis osso” (Êx 12.46). Isso foi cumprido no Calvário. O cordeiro
pascoal foi sacrificado no Egito para a redenção de Israel, em lugar dos
primogênitos. Deus feriu os egípcios e livrou os filhos de Israel. Da mesma
forma, o Senhor Jesus morreu pelos nossos pecados; Ele é o nosso Cordeiro
Pascoal: “Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Co 5.7). O
caráter da morte substitutiva de Cristo é anunciado de maneira direta desde o
Antigo Testamento: “Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se
desviava pelo seu caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós
todos” (Is 53.6). A palavra profética continua mais adiante dizendo: “porquanto
derramou a sua alma na morte e foi contado com os transgressores; mas ele levou
sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu” (Is 53.12).
Jesus via a si mesmo nessa profecia de Isaías. As iniquidades de todos os
pecadores foram transferidas para o Servo Sofredor mencionado nesse oráculo de
Isaías. Sua morte foi em nosso lugar, Ele morreu por todos, pelos pecados do
mundo inteiro. O Senhor Jesus Cristo morreu em favor dos pecadores: “que Cristo
morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Co 15.3). Ao utilizar a
expressão “segundo as Escrituras”, Paulo assevera que o sacrifício de Jesus
representa a convergência do pensamento exarado no Antigo Testamento. O Senhor
Jesus ofereceu-se como sacrifício voluntário, e isso agradou o Pai.
3. Ressurreição e ascensão de Cristo.
Cremos e ensinamos que o Senhor Jesus ressuscitou dentre os mortos ao
terceiro dia, “segundo as Escrituras” (1 Co 15.4), e apresentou-se vivo, com
muitas e infalíveis provas aos seus discípulos por espaço de 40 dias. A
ressurreição de Jesus foi corporal, conforme profetizado no Antigo Testamento, anunciado
de antemão pelo próprio Senhor Jesus Cristo, testemunhado pelos apóstolos:
“Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas” (At 2.32).
Essa promessa divina cumpriu-se, como testificou o apóstolo Pedro no dia de
Pentecostes. Além dos apóstolos, Jesus apareceu a Saulo de Tarso e a Tiago e
ainda a mais de 35 500 pessoas. A expressão “segundo as Escrituras” significa
que esses acontecimentos estavam no cronograma divino e foram registrados de
antemão no Antigo Testamento. A morte e a ressurreição de Jesus são os
principais elementos que distinguem o cristianismo de todas as religiões da
terra, pois Jesus, o seu fundador, vive para sempre: “havendo Cristo
ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte não mais terá domínio sobre ele”
(Rm 6.9). A sua morte vicária seria destituída de significado teológico se ele
tivesse permanecido na sepultura. Aquele corpo que foi crucificado não pôde
ficar na sepultura. Essa ressurreição significa a glorificação e exaltação de
Jesus, a vitória esmagadora sobre Satanás, sobre o pecado, sobre a morte e
sobre o Inferno. A morte e a ressurreição de Jesus são o centro da pregação do
evangelho. A ascensão vitoriosa de Cristo ao céu é a coroação de seu
ministério. Após sua morte e ressurreição, foi elevado ao céu: “e aconteceu
que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu” (Lc 24.51); e
assentou-se à direita de Deus, onde se encontra até hoje.
4. A expiação.
Cremos que Deus
aceitou a morte de seu Filho Jesus Cristo como expiação pelos nossos pecados:
“mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado
para sempre à destra de Deus” (Hb 10.12); “levando ele mesmo em seu corpo os
nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos
viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados” (1 Pe 2.24). O termo
“expiação” ou o verbo “expiar” refere-se a sacrifício para purificação e perdão
dos pecados, mas o significado primário dessa palavra é “cobrir”, cuja ideia é
de cobrir com sangue: “porquanto é o sangue que fará expiação pela alma” (Lv
17.11). Esse ritual está no sistema mosaico: “assim, o sacerdote por ela fará
expiação dos seus pecados, que pecou, e lhe será perdoado o pecado” (Lv 4.35).
Enquanto princípio, é reafirmado no Novo Testamento: “sem derramamento de
sangue, não há remissão” (Hb 9.22). Isso é chamado propiciação — o ato que
apazigua a ira divina e satisfaz a santidade e a justiça de Deus — resultando
no perdão dos pecados. Deus propôs Cristo Jesus para propiciação por meio da fé
no seu sangue. Jesus é a propiciação pelos pecados do mundo inteiro. A ira
divina é a reação da santidade de Deus ante a pecaminosidade humana. A expiação
é o meio para aplacar essa ira. A propiciação é resultado do amor de Deus. Esse
amor foi a causa do envio do Filho para propiciação: “Nisto está o amor: não em
que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho para
propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 4.10).
5. O valor do sacrifício de Jesus.
O Senhor Jesus ofereceu
um sacrifício perfeito. A vítima do sacrifício foi Ele mesmo: “o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29); e não um animal, pois o sangue de
animais não era suficiente para pagar tão alto preço. Por isso, Jesus
submeteu-se a si mesmo como sacrifício fazendo expiação com o seu próprio
sangue por todos os seres humanos: “para que, pela graça de Deus, provasse a
morte por todo homem” (Hb 2.9 – ARA). O valor de sua morte é suficiente para
salvar todos e cada um dos pecadores. Assim, Ele pôde expiar o pecado do povo:
“Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser
misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os
pecados do povo” (Hb 2.17); “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido
sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei” (Gl 4.4, 5). Sendo Deus e
homem, Jesus não conheceu o pecado, mas fez-se pecado por nós. Assim sendo, o
sacrifício de Jesus é de um valor infinito e ilimitado: sua morte pode expiar
os pecados da humanidade inteira. A morte de Jesus pôs fim à inimizade entre
Deus e a humanidade, e isso é chamado reconciliação. Fomos reconciliados com
Deus pela morte de seu Filho.
Referência:Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Casa Publicadora das Assembleias de Deus - Declaração de Fé
Novembro/2016.
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