O espírito é a parte invisível do homem que, juntamente com a alma,
compõe o "homem interior". É aquela parte do homem que, como uma
janela aberta para o céu, lhe dá condições de sentir a realidade de Deus e da
sua Palavra (1 Co 2.10,12). Eis o que distingue o homem de qualquer outro ser:
só ele foi criado à imagem e semelhança de Deus. O espírito do
homem é a sede das suas relações com Deus. "O espírito do homem é a
lâmpada do Senhor" (Pv 20.27, Versão Revisada). Por esse motivo, a Bíblia
muitas vezes usa "coração" como sinônimo de "espírito":
"Era um o coração e a alma da multidão dos que criam" (At 4.32).
Habitando a carne humana, existe o espírito dado por
Deus em forma individual (Nm 16.22; 27.16.). O Espírito foi formado pelo
Criador na parte interna da natureza do homem, capaz de renovação e
desenvolvimento (Sl 51.10).
Esse espírito é o centro e a fonte da vida humana; a
alma possui e usa essa vida e lhe dá expressão por meio do corpo. No princípio
Deus soprou o espírito de vida no corpo inanimado e o homem "foi feito
alma vivente". Assim a alma é um espírito encarnado, ou um espírito humano
que recebe expressão mediante o corpo. A combinação desses dois elementos
constitui o homem em "alma". A alma sobrevive à morte porque o
espírito a dota de energia; no entanto, a alma e o espírito são inseparáveis
porque o espírito está entrosado e confunde-se com a substância da alma.
O espírito
é aquilo que faz o homem diferente de todas as demais coisas criadas. É
dotado de vida humana (e inteligência, Pv 20.27; Jo 32.8) que se distingue da
vida dos irracionais. Os irracionais têm alma (Gn. 1.20, no original), mas não
têm espírito. Em Eclesiastes 3.21 a referência trata aparentemente do princípio
de vida, tanto no homem como no irracional. Salomão registrou uma pergunta que
fez quando se afastou de Deus. Assim, dessemelhante dos homens, os irracionais
não podem conhecer as coisas de Deus (1 Co 2.11; 14.2; Ef 1.17; 4.23) e não
podem ter relações pessoais e responsáveis com ele (João 4.24).
O espírito do homem, quando se torna morada do
Espírito de Deus (Rm. 8.16), é centro de adoração (João 4.23,24); de oração,
cântico, bênção (1Co 14.15), e de serviço (Rm 1.9; Fl 1.27).
O espírito humano, representando a natureza suprema do
homem, rege a qualidade de seu caráter. Aquilo que domina o espírito toma-se
atributo de seu caráter. Por exemplo, se o homem permitir que o orgulho o
domine, ele tem um "espírito altivo" (Pv 16.18). Conforme as influências
respectivas que o dominem, um homem pode ter um espírito perverso (Is 19.14);
um espírito rebelde (Sl 106.33); um espírito impaciente (Pv 14.29); um espírito
perturbado (Gn 41.18); um espírito contrito e humilde (Is 57.15; Mt 5.3). Pode
estar sob um espírito de servidão (Rm 8.15), ou ser impelido pelo espírito de
inveja (Nm 5.14). Assim é que o homem deve guardar o seu espírito (Mal 2.15),
dominar o seu espírito (Pv 16.32), pelo arrependimento tornar-se um novo
espírito (Ezeq 18.31) e confiar em Deus para transformar o seu espírito (Ezeq
11.19).
Quando as paixões vis exercerem o domínio e a pessoa
manifestar um espírito perverso, significa que a alma (a vida egocêntrica ou
vida natural) destronizou o espírito. O espírito lutou e perdeu. O homem é
vitima de seus sentimentos e apetites naturais; e é "carnal". O
espírito já não domina mais, e essa impotência se descreve como um estado de morte. Dessa maneira há necessidade
de receber um espírito novo (Ezeq 18.31; Sl 51.10); e somente aquele que
originalmente soprou no corpo do homem o fôlego da vida poder soprar na alma do
homem uma nova vida espiritual — isto é, regenerá-lo. (João 3.8; 20.22; Gl
3.10.) Quando assim sucede, o espírito do homem novamente ocupa lugar de
ascendência, e chega a ser homem "espiritual". Entretanto, o espírito
não pode viver de si mesmo, mas deve buscar a renovação constante mediante o
Espírito de Deus.
1. O não
crente.
O espírito do homem não crente é morto, inativo, isto
é, separado de Deus (Ef 2.1-5; Lc 15.24,32; Cl 2.13; 1Tm 5.6). Ele é dominado
pelos seus pecados e concupiscências (Ef 4.17-22; Tt 1.15), sem possibilidade
de ver a gloria de Deus (2 Co 4.4).
O espírito do homem no processo de salvação
Na salvação, o espírito do homem e vivificado (Ef 2.5;
Cl 2.1 3). Um despertamento começará no seu espírito (Ed 1.1) quando o Espírito
Santo o convencer do seu pecado, e da justiça e do juízo de Deus (Jo 16.8-10).
Quando o homem aceita Jesus como Salvador, recebe a vida eterna (Rm 6.23) e,
então, "o mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos
de Deus" (Rm 8.16).
Agora, "eis que tudo se fez novo" (2 Co
5.17). O espírito do homem vivificado pode, doravante, ver a glória de Deus,
pois o véu que antes o impedia foi tirado (2 Co 3.16). O seu coração tornou-se
limpo e pode ver a Deus (Mt 5.8), o Invisível (Hb 11.27). A luz resplandece em
seu interior, para "iluminação do conhecimento da glória de Deus".
Agora ele pode comprovar que Deus é bom (Sl 34.8), e com o seu espírito adorar
ao Senhor (Jo 4.23) e orar (1 Co 14.15,16), e o Todo-poderoso dará ao espírito
do novo crente a inspiração divina que o faz entendido (Jó 32.8).
Assim, podemos observar com clareza que "o
espírito do homem" não significa "o Espírito Santo operando no
homem", mas que esse espírito é um órgão do seu "homem
interior", onde o Espírito Santo opera, fazendo-o ouvir a voz de Deus (At
2.7).
Conclusão.
Nós precisamos viver com nossa vida
fundamentada nos ensinamentos de Jesus, para não cometermos o erro de deixarmos
der ser guiados pelo Espírito de Deus. A exemplo dos gálatas, os quais
começando pelo Espírito passaram a viver pela carne (Gl 3.3), ao ponto de Deus
usar a Paulo par lhes exortar a cerca das obras da carne (Gl 5).
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