quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Os chamados Profetas Menores.



 Oseías, Joel, Amos, Obadias, Jonas,Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias — viveram em um período de tempo que vai do século oitavo a.C. ao século quinto a.C.; entretanto, a sua mensagem e ainda atual e pungente para os nossos dias, pois traz princípios e advertências voltados para questões sociais, políticas, familiares e espirituais que se aplicam a realidade de crentes de todas as épocas, alem de conterem revelações
Escatológicas, sobretudo relacionadas ao futuro de Israel, que ainda irão se cumprir, e muitas profecias relativas a Primeira Vinda de Cristo, que já se cumpriram e são atestadas nos Evangelhos.
Os Profetas Menores são assim chamados não porque seus ministérios foram de menor importância em relação aos dos chamados Profetas Maiores — Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Essa designação, que tem origem no cristianismo, expressa apenas o fato de que aqueles foram profetas
canônicos testamentários que deixaram um menor registro de profecias em seus respectivos livros. Na Bíblia hebraica, eles estão contidos em um só volume e foram provavelmente agrupados dessa forma por volta de 425 a.C. por Esdras e a chamada Grande Sinagoga, um grupo formado
por 120 doutores da Lei. Como destaca Isaltino Gomes, “o volume contendo todos os Profetas Menores se constitui de 67 capítulos e 1.050 versículos.
E menor que Isaías, que tem 66 capítulos e 1.202 versículos; que
Jeremias, que tem           52 capítulos     e 1.364 versículos; e que  Ezequiel, que tem 48 capítulos e 1.273 versículos. No entanto, [...] não se deve pensar que a extensão de sua obra possa nos levar a presumir de pouco valor espiritual.
[...] Se tivermos sensibilidade e soubermos ouvir o que o Espírito Santo nos ensina através deles, nossa vida será grandemente enriquecida”. Na literatura judaica, esses livros são chamados de “Os Doze” ou “Os
Doze Profetas” (ou Dodekapropheton, no texto grego da Septuaginta).
Pelo menos desde 132 a.C. (outros datam 190 a.C.), época da
produção do livro apócrifo de Eclesiástico, escrito por Jesus Ben Sirac, que e o primeiro registro conhecido dessa designação: “Quanto aos doze profetas, refloresçam os seus ossos em seus túmulos, pois fortaleceram Jacó, e redimiram-se (da servidão) por uma Fé corajosa” (Eclesiástico 49.12). Quanto a designação crista “Profetas Menores”, ela surgiu na Igreja Latina, segundo afirma Agostinho (345-430 d.C.), bispo de Hipona,em sua obra A Cidade de Deus.
A Atualidade da Mensagem dos Profetas Menores
Deus falou no passado por profetas (Hb 1.1) e a mensagem destes ainda tem relevância para os nossos dias, posto que a Bíblia assevera que “toda a Escritura e inspirada por Deus” (2 Tm 3.16, ARA), servindo para a nossa edificação espiritual,
ou seja, “para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para    que o homem           de Deus   seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra”   (2Tm  3.16,17). Porem, e claro que as profecias e orientações       do Antigo
Testamento    devem          ser vistas sempre a luz de Cristo.
Os apóstolos Mateus e João, e o próprio Jesus, afirmam o cumprimento das Escrituras dos profetas.
Jesus ressaltou que toda a mensagem da Lei e dos Profetas do Antigo Testamento e cumprida em sua regra áurea (Mt 7.12), e os apóstolos Tiago e Paulo     frisaram que   a mensagem dos profetas do Antigo Testamento e essencialmente a mesma da Igreja no Novo Testamento  (At 15.15-17; 26.22,23).    Paulo sublinhou     também que   “tudo que dantes foi escrito [no
Antigo Testamento] para nosso  ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4).
Logo, entendemos que a mensagem dos profetas do Antigo Testamento
“são de máxima importância para a vida espiritual do cristão. A sabedoria e as leis morais de Deus, no tocante a cada aspecto da vida, bem como sua revelação a respeito dEle mesmo, da salvação e da vinda de Cristo, são de valor permanente”. A mensagem dos profetas do Antigo Testamento não era apenas
preditiva. Esses homens de Deus eram, sobretudo, pregadores morais e éticos, vigias, sentinelas levantados por Jeová para despertar e exortar suas respectivas gerações. Durante as dominações assíria, babilônica e persa, Deus levantou esses homens para        ora conclamar           o povo de Israel  ao arrependimento, ora reanimá-los; e, em suas exortações proféticas, eles denunciaram e combateram contundentemente a corrupção, o abuso de autoridade, a injustiça social, a idolatria e o arrefecimento espiritual e a frouxidão moral do povo.
Mas os Profetas Menores, como já afirmamos, também são, sim, notabilizados por suas mensagens messiânicas e escatológicas, de maneira que eles concluem o Antigo Testamento com um clima de esperança e expectativa em relação a Primeira Vinda do Messias e trazendo vislumbres do reino milenar de Cristo sobre a Terra, temas abordados no Novo Testamento. São, portanto, uma excelente porta de entrada para os livros testamentários.
Como bem ressalta Dionísio Pape, e altamente sugestivo que, após o longo silêncio do período intertestamentario, o Novo Testamento se abre com Jesus Cristo e a escolha dos doze apóstolos como pregoeiros da Boa Nova da Salvação. Essa relação histórica entre as promessas dos Doze no fim do Velho Testamento e a sua realização através da missão dos Doze no inicio do Novo Testamento deve despertar no povo de Deus há conhecer mais profundamente os escritos inspirados dos doze profetas menores, que ainda nos falam hoje. [...] A palavra dos profetas menores e uma mensagem de justiça e esperança para hoje.
Muitas são as profecias relativas ao Messias que aparecem nas paginas dos Profetas Menores. Em Oseías, lemos que o Messias seria o Filho de Deus (Os 11.1a 15) e venceria a morte (Os 13.14 c/c 1 Co 15.55-57). Em Joel, foi predito
que o Messias ofereceria a salvação para todos (Jl 2.32 c/c Rm 10.12,13). Em Amós, é anunciado que Deus faria com que o céu se escurecesse ao meio-dia, como ocorreu na morte do Messias (Am 8.9 c/c Mt 27.45,46). Em Miquéias, e predito que o Messias nasceria em Belém (Mq 5.2a c/c Mt 2.1,2), veio da Eternidade (Mq 5.2 c/c Ap 1.8). Em Ageu, e predito que o Messias visitaria o Segundo Templo (Ag 2.6-9 c/c Lc 2.27-32) e que seria descendente do governador Zorobabel (Ag 2.23 c/c Lc 3.23-27). Em Zacarias, o Messias seria Deus encarnado e habitaria entre o seu povo (Zc 2.10, c/c Jo 1.14), seria enviado por Deus (Zc 2.10,11b c/c jo 8.18,19), o descendente do governador Zorobabel (Zc 3.8 c/c Lc 3.23-27), o Servo de Deus
(Zc 3.8b c/c jo 17.4), Sacerdote e Rei (Zc 6.12,13 c/c Hb 8.1), recebido com alegria em Jerusalém (Zc 9.9a c/c Mt 21.8-10), visto como Rei (Zc 9.9b c/c jo 12.12,13), justo (Zc 9.9c c/c Jo
5.30), estaria trazendo a salvação (Zc  9.9 c/c Lc 19-10), seria humilde (Zc 9.9 c/c Mt 11.29), apresentado a Jerusalém
montado num jumento (Zc 9.9 c/c Mt 21.6-9), a pedra de esquina (Zc 10.4 c/c Ef 2.20), rejeitado por Israel (Zc 11.10 c/c Lc 19.41-44), traido e trocado por trinta moedas de prata (Zc
11.12 c/c Mt 26.14,15), as trinta moedas de prata seriam lançadas na Casa do Senhor (Zc 11.13a c/c Mateus 27.3-5) e usadas para comprar o campo do oleiro (Zc 11.13b c/c Mt
27.6,7), o corpo do Messias seria transpassado (Zc 12.10 c/c Jo 19.34)., Eie seria um com Deus (Zc 13.7a c/c Jo 14.9) e seus discípulos se dispersariam (Zc 13.7b c/c Mt 26.31-56).
Em Malaquias, e anunciado que um mensageiro prepararia o caminho para o Messias (Ml 3.1a c/c Mt 11.10), que o Messias apareceria subitamente no Templo (Ml 3.1b c/c Mc 11.15,16), que seria o mensageiro da Nova Aliança (Ml 3.1c c/c Lc 4.43), que o precursor do Messias viria no espírito de Elias (Ml 4.5 c/c Mt 3.1,2) e que esse precursor converteria muitos a justiça (Ml 4.6 c/c Lc 1.16,17).            Divisão dos Livros
Os Profetas Menores podem ser divididos em Pré-Exílicos (antes do Exílio Babilônico) e Pós-Exílicos (depois do Exílio Babilônico). Os Pré- Exílicos são Oseías, Joel, Amos, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque  Sofonias; os Pós-Exílicos são Ageu, Zacarias e Malaquias.
Outra forma de organizarmos esses livros e olhando para qual público se dirigiam. Dessa forma, podemos dividi-los também em livros com mensagens voltadas ao Reino de Judá (Joel, Miquéias, Habacuquee Sofonias), livros com mensagens voltadas para o Reino de Israel (Amos e Oseías), livros com mensagens voltadas as nações (Jonas, Naum e Obadias) e livros com mensagens voltadas aos judeus remanescentes
pós-exílio (Ageu, Zacarias e Malaquias). Os profetas do Reino de Israel profetizaram no oitavo século; os de Judá, no oitavo e sétimo séculos; e os pós-exílicos, no sexto e quinto séculos.
Portanto, diante do exposto, os Profetas Menores, como parte integrante das Escrituras inspiradas, não devem ficar em segundo plano.

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