domingo, 8 de julho de 2018

SOBRE O PECADO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

CREMOS
  Professamos e ensinamos que o pecado é a transgressão da Lei de Deus: “porque o pecado é a transgressão da lei” (1 Jo 3.4 – ARA), ou seja, a quebra do relacionamento do ser humano com Deus. Há diversos conceitos bíblicos tanto para designar o pecado, tais como rebelião e desobediência, como suas consequências, quais sejam: incapacidade espiritual, falta de conformidade com a vontade de Deus em estado, disposição ou conduta e corrupção inata dos seres humanos: “não há homem justo sobre a terra, que faça bem e nunca peque” (Ec 7.20); “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Atanásio, um dos pais da Igreja, dizia que o pecado é a introdução dentro da criação de um elemento desintegrador que conduz à destruição e que somente pode ser expelido por meio de uma nova criação. Daí, a necessidade do novo nascimento. A universalidade do pecado é confirmada em toda a Bíblia e comprovada pela própria experiência humana.
1.   Nomes.
São dois os termos genéricos para “pecado”. Um deles aparece em hebraico no Antigo Testamento; é o substantivo chatá, “o pecado jaz à porta” (Gn 4.7), cuja ideia básica é “errar o alvo”, do qual deriva o verbo: “todos atiravam com a funda uma pedra a um cabelo e não erravam” (Jz 20.16); “E erra o alvo quem é precipitado” (Pv 19.2 – TB). O segundo termo é o seu correspondente grego hamartia, que, embora sem conotação moral no grego clássico secular, aparece com tal sentido na Septuaginta e no Novo Testamento: “todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens” (Mt 12.31). O pecador erra o alvo ou o objetivo da vida que Deus coloca diante dele. Há, ainda, inúmeras outras palavras que expressam o pecado, como transgressão, impiedade, maldade, perversidade, engano, sedução, iniquidade, injustiça e incredulidade.
2.   Sua origem.
O pecado já existia mesmo antes da criação de Adão e Eva. Originou-se no coração de um querubim ungido, que, juntamente com um grupo de anjos, rebelou-se contra Deus, razão pela qual os insurgentes foram expulsos do céu. O querubim ungido tornou-se Satanás, que quer dizer “inimigo”, sendo, também, denominado Diabo, nome que significa “caluniador”. Quanto aos anjos que se rebelaram, tornaram-se demônios. Entendemos que a primeira manifestação do pecado aconteceu na esfera angelical. O pecado não é causado por Deus: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13). Deus está longe de toda impiedade e injustiça: “Longe de Deus a impiedade, e do Todo poderoso, a perversidade!” (Jó 34.10); “e não há nele injustiça” (Dt 32.4; Sl 92.15). As pessoas são tentadas quando atraídas e enganadas pela própria cobiça. Quando a cobiça é concebida, dá à luz o pecado. Eva foi seduzida e enganada. A tentação envolve indução externa e mais os desejos da carne pelas coisas proibidas por Deus.
3.   A Queda no Éden.
A “queda do homem” é uma expressão teológica para designar o momento em que o pecado entrou no mundo por meio do primeiro casal, Adão e Eva: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo” (Rm 5.12). Os dois foram criados em total inocência e não conheciam o mal antes de desobedecerem a Deus. Foi dada a Adão a ordem de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal: “porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17); ele, contudo, podia comer livremente de toda a árvore do jardim. O casal desobedeceu a Deus, pois a serpente, identificada em Apocalipse como diabo e Satanás, entrou em cena e enganou Eva. E foi assim que a humanidade conheceu experimentalmente o mal: “Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente” (Gn 3.22).
4.   O pecado original.
Adão não foi criado impecável, nem pecaminoso, mas, sim, perfeito: “Deus fez ao homem reto, mas ele buscou muitas invenções” (Ec 7.29). Deus dotou Adão do livre-arbítrio, com o qual ele era capaz tanto de obedecer quanto de desobedecer ao Criador. Ele escolheu desobedecer a Deus, e a sua queda arruinou toda a humanidade, distanciando-a de Deus: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). A iniquidade de Adão, a qual nós  chamamos de pecado original, contaminou toda a raça humana; em consequência disso, a humanidade tornou-se universal e totalmente degenerada, pois todos os seus descendentes nascem em pecado; todos nascemos em transgressão. Deus, entretanto, prometeu o Redentor ainda no jardim do Éden, quando anunciou a vinda da “semente da mulher” para esmagar a cabeça da serpente. Apesar de corrompida pelo pecado, a natureza humana pode ser eficazmente regenerada por Cristo: “se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17); “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10); o nosso corpo pode ser o templo do Espírito Santo.
5.   Consequências da Queda.
O relato bíblico revela que o senso de culpa foi instantâneo. Adão e Eva morreram espiritualmente no mesmo momento em que comeram o fruto proibido, pois a comunhão com Deus foi interrompida de imediato. Morte significa separação, e o pecado separou os seres humanos de Deus: “Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.2). Os olhos do casal foram abertos, e logo ambos perceberam que estavam nus; tendo conhecido pessoalmente o mal, procuraram esconder-se da presença de Deus porque sentiram medo. O juízo divino veio sobre a serpente, sobre a mulher e sobre o homem. Toda a raça humana e a própria natureza sofrem as consequências funestas do primeiro pecado humano seguido do justo juízo pronunciado por Deus, pois um Deus santo tinha de julgar a desobediência de suas criaturas.
6.   A corrupção total do gênero humano.
A Queda no Éden arruinou toda a humanidade tão profundamente que transmitiu a todos os seres humanos a tendência ou inclinação para o pecado. Não somente isso, contaminou toda a humanidade: “não há um justo sequer” (Rm 3.10); “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). A natureza moral foi corrompida, e o coração humano tornou-se enganoso e perverso. Todas as pessoas estão mortas em ofensas e pecados; são inimigas de Deus e escravas do pecado. A corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua composição — corpo, alma e espírito, conforme lemos em Isaías: “Toda a cabeça está enferma, e todo o coração, fraco. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã” (1.5,6). Isso prejudicou todas as suas faculdades, quais sejam: intelecto, emoção, vontade, consciência, razão e liberdade. Portanto, o homem por si mesmo não consegue voltar-se para Deus sem o auxílio da graça divina. Apesar de tudo, a imagem de Deus no homem não foi aniquilada; foi, no entanto, desfigurada a tal ponto que a sua restauração só é possível em Cristo. Jesus reconheceu algumas qualidades no moço rico e até mesmo nos fariseus. Todos nós conhecemos descrentes que são pessoas de bem, honestas e de bom caráter e religiosas, como o centurião de Cafarnaum, ainda que o bem social que elas praticam leve a marca da contaminação do pecado.
7.   A situação dos recém-nascidos e das crianças.
Até os bebês recém-nascidos e as demais crianças  que ainda não conheceram experimentalmente o pecado já possuem uma natureza pecaminosa. O Senhor Jesus, porém, quando se referiu à situação das crianças, afirmou que das tais é o Reino de Deus: “Deixai os pequeninos e não os estorveis de vir a mim, porque dos tais é o Reino dos céus” (Mt 19.14). Em relação à responsabilidade pessoal, considerando que algumas crianças desenvolvem-se no aspecto moral mais cedo que outras, e que a Bíblia não define, para isso, uma idade, não é possível atribuir-lhes culpa até que elas façam bem ou mal conscientemente. Entendemos que a obra da redenção realizada pelo Senhor Jesus em favor de todas as pessoas proveu salvação aos que vierem a falecer em tenra idade: “porque dos tais é o Reino dos Deus” (Mc 10.14). Entendemos, com base nessas palavras, que as crianças não serão condenadas e nem estarão perdidas caso morram antes de terem condições morais e intelectuais de poderem responder conscientemente ao “dom gratuito de Deus” (Rm 6.23). O Senhor Jesus apresentou as crianças como exemplo de quem herda o Reino de Deus.
8.   A relação do pecado de Adão com a pecaminosidade humana.
O pecado original, no sentido estrito da palavra, diz respeito à primeira transgressão do ser humano à Lei de Deus. É, no entanto, usado geralmente para designar a pecaminosidade universal e hereditária do gênero humano desde a queda de Adão. O pecado de Adão afetou toda a raça humana: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm 5.12). O ensino paulino fundamenta-se nas Escrituras do Antigo Testamento que descreve a corrupção geral da humanidade. O apóstolo Paulo, por revelação divina, desenvolveu esse pensamento tornando tal doutrina mais clara. Seu ensino é de que a morte originou-se na raça humana por causa do pecado de Adão: “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17); “até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3.19). Isso esclarece a razão pela qual “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Como a morte é universal, aí está a evidência incontestável da universalidade do pecado. E assim temos a triste realidade: “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Quando, porém, somos advertidos de que a morte é consequência do pecado, o apóstolo imediatamente apresenta a tranquilizadora mensagem: “mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).
9.   A morte.
A morte é uma das consequências primárias do pecado, sua punição e castigo. Por essa razão, o mundo inteiro tem de experimentar esse terrível golpe: “Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hb 9.27). Esse é o resultado do pecado original de Adão. O ser humano não foi destinado para a morte, mas para a vida; Adão não teria morrido se tivesse vencido a tentação. A morte espiritual é o atual estado do pecador sem Cristo: “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados” (Ef 2.1). Quem recebe a Jesus como seu salvador pessoal passa da morte para a vida: “quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24). A morte eterna é uma extensão da morte espiritual para os que rejeitarem a vida eterna em Jesus. Ela é chamada de segunda morte. A morte foi vencida no Calvário por Cristo, que trouxe a vida aos “que recebem a abundância da graça e do dom da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo” (Rm 5.17). Assim como a morte e o pecado passaram a todos os seres humanos por causa do pecado de um só (Adão), a salvação e a vida eterna, da mesma maneira, são concedidas a todo aquele que nEle crê, pela justiça de um só homem, o Senhor Jesus Cristo: “Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Co 15.21,22).



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