quinta-feira, 14 de junho de 2018

SOBRE O HOMEM


              
               Introdução
               CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus: “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7). A palavra “homem” no relato da criação em Gênesis 1 e 2 é adam, que aparece depois como nome próprio do primeiro homem. O ser humano foi criado macho e fêmea: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn 1.27).           Trata-se de um ser inteligente e que foi capaz de dar nome aos animais; feito à semelhança de Deus: “os homens, feitos à semelhança de Deus” (Tg 3.9); um pouco menor do que os anjos; coroado de honra e de glória e dotado por Deus de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal. Mediante a graça, essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo” (Jo 7.17). Mais de uma vez, Israel teve a liberdade de escolha quando foi chamado por Deus.            Podemos afirmar que nenhuma outra criatura foi feita como o homem, que é considerado a coroa da criação. Adão é o primeiro homem, e dele e Eva veio toda a geração dos seres humanos que vivem sobre o planeta terra.
1.      A constituição humana.
               Entendemos que o ser humano é constituído de três substâncias, uma física, corpo, e duas imateriais, alma e espírito. Exemplo dessa constituição nós temos no próprio Jesus. Essa doutrina é chamada tricotomia. Cristo é apresentado nas Escrituras com essas três características distintas e essenciais: “todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis [...]” (1 Ts 5.23); “[...] e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas” (Hb 4.12). Em 1 Coríntios 2.14-16; 3.1-4, o apóstolo Paulo mostra o homem “natural”, termo que literalmente quer dizer “pertencente à alma”, o homem carnal e o homem “espiritual”.       Por essas passagens do Novo Testamento, a natureza humana consiste numa parte externa, o corpo ou a carne, chamada “homem exterior” e uma parte interna, denominada “homem interior”, composta do espírito e da alma.
               2. O corpo
               O corpo é o invólucro do espírito e da alma. É a parte física, o homem exterior, que se corrompe, ou seja, envelhece e é mortal. O homem é carne como criatura perecível: “porque toda a carne é como erva” (1 Pe 1.24). Rejeitamos a ideia de ser o corpo a prisão da alma e do espírito ou de ser inerentemente mau e insignificante, pois ele é templo do Espírito Santo e templo de Deus, uma vez que o Espírito Santo habita em nós. O corpo é importante, pois Deus o ressuscitará: “Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção” (1 Co 15.42).
3.      O homem interior
                Praticamente tudo o que a Bíblia diz a respeito da alma fala também do espírito, pois ambos deixam o corpo por ocasião da morte e sobrevivem a ela. Às vezes, o ser humano é tido como “corpo e alma” e, outras vezes, “corpo e espírito”. Deus é revelado como espírito e alma. Essa interligação, às vezes, confunde os termos alma e espírito. Entretanto, eles são distintos entre si. O Espírito Santo opera por meio do espírito humano: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16); mas isso nunca se diz com respeito à alma humana. A Bíblia fala sobre o homem perder a sua alma: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mt 16.26); essa linguagem, todavia, nunca é usada a respeito do espírito. A alma e o espírito são substâncias espirituais incorpóreas e invisíveis. Apesar dessas características comuns, são entidades distintas, porém inseparáveis; são os dois lados da substância não física do ser humano, o “homem interior” (Ef 3.16).A Bíblia apresenta vários termos para indicar a parte espiritual do ser humano, além de alma e espírito, tais como mente, vontade e o uso metafórico de coração e rins.
4.      O espírito humano
               Ensinamos que o espírito é uma entidade distinta da alma, que, às vezes, é confundida com ela porque os dois elementos são inseparáveis e de substância imaterial. O espírito foi colocado por Deus no interior de Adão quando este foi criado; o espírito humano está em todos  os seres humanos. O espírito está dentro do corpo. É por meio dele que se adora a Deus e que ele se torna também o centro da devoção a Deus quando passa a ser morada do Espírito Santo: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16). Do espírito humano, provém o desejo de buscar as coisas espirituais.
5.      A alma humana
               A palavra “alma” tem vários significados na Bíblia, a saber, o próprio indivíduo: “a alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18.4), a pessoa e a vida. A alma é a sede do apetite físico, das emoções, dos desejos tanto bons como ruins, das paixões e do intelecto. É o centro afetivo, volitivo e moral da vida humana. A alma comunica-se com o mundo exterior por meio do corpo. É a partir dela que o homem sente, alegra-se e sofre através dos órgãos sensoriais. Como um dos elementos da natureza essencial do ser humano, a alma é uma substância incorpórea e invisível, inseparável do espírito, embora distinta dele, formada por Deus dentro do homem, sendo também consciente mesmo depois da morte física: “vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6.9,10).
6.      O fôlego de vida nos animais
               Os animais foram criados por Deus “conforme a sua espécie” (Gn 1.21,24,25), mas o ser humano foi criado “à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn 1.27). A natureza física do ser humano é o que há de comum com os animais e as plantas, sendo que a nossa estrutura física é mais complexa. Essa diferença é, portanto, de grau. As Escrituras chamam de “alma vivente” tanto o ser humano como os animais; há, porém, diferença no tipo de alma que o homem possui, pois os animais têm uma alma rudimentar. O termo “sangue” é, às vezes, usado para designar a vida dos animais. Assim como “nem toda carne é uma mesma carne” (1 Co 15.39), da mesma forma nem toda alma é uma mesma alma, pois Deus soprou nos narizes de Adão “o fôlego de vida”. Assim sendo, a alma humana foi animada pelo espírito que veio direto de Deus na criação de Adão. A alma dos animais irracionais é extinta na morte deles, mas não é isso que acontece com os seres humanos. A declaração de Eclesiastes 3.19-21 não faz menção da palavra “alma”, o que revela a morte física comum tanto aos humanos como aos animais irracionais.
7.      Os dois destinos
               Ensinamos que, na morte física do ser humano, alma e espírito são separados do corpo e que os cristãos que partiram desse mundo são chamados de “espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.23), e os demais, de “espíritos em prisão” (1 Pe 3.19). Mas esses espíritos não ficam vagando no espaço e nem se comunicam com os vivos. Rejeitamos a crença da comunicação dos mortos com os vivos e a doutrina da reencarnação: “aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hb 9.27); “porque se lembrou de que eram carne, um vento que passa e não volta” (Sl 78.39). Morte significa “separação”. Há apenas dois destinos para os seres humanos, o Céu ou o Inferno. Deus tem um lugar preparado para os salvos na sua morte, que é identificado de diversas maneiras: “uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus [...] nossa habitação, que é do céu” (2 Co 5.1,2); “habitar com o Senhor” (2 Co 5.8); “estar com Cristo” (Fp 1.23). Os mártires da Grande Tribulação aparecem debaixo do altar de Deus, no Céu.
               Conclusão
              
            O homem foi designado para ser a imagem de Deus com respeito à soberania; e como ninguém pode ser monarca sem súditos e sem reino, Deus deu-lhe tanto um "império" como um "povo". Deus os abençoou, e lhes disse: "Frutificai, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra" (Gên. 2:28). Em virtude dos poderes implícitos em ser o homem formado à imagem de Deus, todos os seres viventes sobre a terra estavam entregues na sua mão. Ele devia ser o representante visível de Deus em relação às criaturas que o rodeavam. Todavia a queda do homem resultou na perda e no desfiguramento da imagem divina. Isto não quer dizer que os poderes mentais e psíquicos (a alma) foram perdidos; mas que a inocência original e a integridade moral, nas quais foi criado, foram perdidas por sua desobediência. Portanto, o homem é absolutamente incapaz de salvar-se a si mesmo e está sem esperança, a não ser por um ato de graça que lhe restaure a imagem divina.



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